domingo, 19 de maio de 2013

RUBRO-NEGROS APOIAM LUTA DE TORCIDA DO BAHIA PR DEMOCRACIA

A crise no Bahia provocou uma reação que os torcedores dos dois maiores rivais do futebol baiano desconheciam: solidariedade. O Movimento Somos Mais Vitória (MSMV), dos torcedores do rubro-negro, divulgou nota em que se solidariza com o movimento organizado pela torcida do Bahia por democracia no clube. Confira a nota:

"Um convite à luta pela democratização do futebol

Em 2006, quando o Vitória voltou ao fundo do poço, à terceira divisão do campeonato nacional, possuía o elenco mais caro da Série B e uma das melhores divisões de base do país. Decerto, além de inesperado, foi também o resultado da arrogância daqueles que preferiram ser poucos ao não dar ouvidos aos demais. Porém, àquela época, mais que uma estrutura, o Vitória possuía oposição. Uma oposição, é verdade, que também não vinha das arquibancadas, que era um grupo restrito, formado pelas mesmas famílias que eternamente se revezavam no poder do clube, mas que naquele momento foi fundamental para esboçar uma mudança.

Entretanto, e mais importante do que os tais que se revezavam no poder (acrescentando, diga-se, muito pouco àquilo que podíamos conquistar em campo e fora dele), a torcida do Vitória começou a se organizar. Uma torcida que tem fama de "corneteira" por ser crítica em demasia, estava somando às vaias, muitas vezes merecidas, a disposição para fazer mais pelo seu time, não apenas ficar ligando pras rádios, chorando.

Não era um movimento de "figurões". A eles não se somaram políticos, artistas ou outras celebridades. Ao contrário: pessoas simples, muitas sem nenhuma experiência de organização política, juntaram-se para dedicar um pouco do seu tempo à pratica da democracia, levando-a ao seu clube de coração. Entre erros e acertos, muitas brigas e contradições, com jovens e velhos, mulheres e homens, da capital e do interior, surgiu o Movimento Somos Mais Vitória, que mesmo sem espaço em nenhum meio de comunicação, se tornou um dos principais e, nos nossos melhores dias, o mais forte movimento social vindo das arquibancadas neste país.

É claro que muitos sequer nos conhecem ainda. Alguns destes, infelizmente, até são torcedores do Leão. Outros ainda não entendem o que queremos e há até os que acham que atrapalhamos mais do que ajudamos. E tudo isso só nos mostra que há muito a ser feito. Porém, a verdade é que, se hoje a atual diretoria do Vitória montou um time razoável (nos limites que a desigualdade crescente do futebol brasileiro permite), é porque há não só uma oposição, e sim várias, e pelo menos uma delas vem das arquibancadas, com poder real de decidir os rumos das eleições que se aproximam.

Foi o terror que os atuais dirigentes do Vitória têm da democracia (que nada mais é do que a operacionalização da vontade da maioria) e também de perder a "boquinha", que os empurraram para a profissionalização, após anos de vergonhas. Mas isto ainda é pouco. Nos mantivemos nas arquibancadas, porém, e mais do que isto, nos mantivemos sócios, e queiram eles ou não, votaremos nas eleições que se aproximam.

Óbvio que as recentes goleados aplicadas no rival nos enche de orgulho e de esperança de dias melhores. Porém não houve torcedor rubro-negro que não saísse da Fonte Nova sem reclamar também das deficiências do próprio time. Outros tantos, após as comemorações, já retornaram ao trabalho em busca da democratização do clube. E não vamos parar por nada! Na derrota ou no triunfo, continuaremos criticando, propondo e exigindo.

Entretanto, nesta ainda curta, porém rica, jornada, o MSMV percebeu que, sozinho, ou mesmo aliado a todos os torcedores do Leão, ainda seremos poucos. A desigualdade do futebol brasileiro hoje é absurda e a estrutura que sustenta tudo isso é tão coesa e suja, que um clube democrático numa ilha de autoritarismo estará fadado ao fracasso.

É por este motivo que o Movimento Somos Mais Vitória entende ser necessário que as torcidas de futebol, em especial a torcida do Esporte Clube Bahia, se juntem a nós neste caminhada, ao tempo em que se solidariza com os torcedores do time rival, neste momento grave por que passa aquela agremiação. Que se criem movimentos, que se exijam reformas em estatutos e, definitivamente, que não esperem mais por novos déspotas esclarecidos. Neste momento, não importa as cores de cada camisa, os nossos futuros estão unidos. E nós podemos ser o futuro."

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