A queda no número de trabalhadores ocupados no primeiro trimestre do ano é sazonal, mas a intensidade confirma que o mercado de trabalho permanece sem fôlego, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem do trimestre terminado em dezembro de 2018 para o trimestre encerrado em março de 2019, foram fechadas 873 mil vagas, enquanto 1,235 milhão de pessoais a mais passaram a procurar emprego. A taxa de desocupação subiu de 11,6% para 12,7% no período, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
"É sazonal. Não existia outra expectativa que não fosse queda (na ocupação). Ela acontece. Poderia ter sido menor, se você estivesse num processo de melhora do mercado de trabalho", ponderou Cimar Azeredo.
Houve corte de trabalhadores na passagem do trimestre até dezembro de 2018 para o trimestre encerrado em março de 2019 nas atividades de construção (-288 mil), indústria (-110 mil), comércio (-195 mil trabalhadores), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-332 mil), outros serviços (-93 mil) e serviços domésticos (-112 mil).
Por outro lado, o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras contratou mais 117 mil funcionários. Também houve absorção de trabalhadores em transporte (+41 mil), alojamento e alimentação (+43 mil) e agricultura (+33 mil).
Cimar Azeredo lembra que o volume de desempregados permanece no mesmo patamar do ano passado, acima de 13 milhões.
"O mercado de trabalho não proporciona um discurso otimista. A situação continua não favorável, está longe de favorável. Estamos diante de uma situação que não está avançando", resumiu Azeredo.
O pesquisador ressalta que, embora a massa de rendimentos e o salário médio mantenham-se estáveis, o nível de subutilização da força de trabalho alcançou patamar recorde: ainda falta trabalho para 28,324 milhões de brasileiros. "Um quarto da força de trabalho ampliada está subutilizada. Como pode chamar de situação favorável se você tem a maior taxa de subutilização da força de trabalho da série?", questionou Azeredo. (As informações do Estadão)
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