Uma pessoa morreu e pelo menos cem ficaram feridas durante as manifestações que o movimento conhecido como os "coletes amarelos" realizada neste sábado (17) na França contra o aumento dos impostos do combustível.
O Ministério do Interior informou que ocorreram 24 detenções nas 2 mil concentrações organizadas de forma espontânea em todo o país, que somavam até o começo da tarde cerca de 124 mil participantes. A vítima fatal é uma mulher, de cerca de 60 anos, cuja identidade não foi revelada. Ela foi atropelada em Le Pont-de-Beauvoisin (sudeste da França). A motorista, que estava no carro com a filha, se assustou ao ver os manifestantes partirem para cima do veículo e acelerou. Ela foi presa em estado de choque.
A maioria dos protestos não tinha sido informada às autoridades, o que dicultou o controle policial. O movimento, que ampliou seu leque de reivindicações à carga tributária em geral e é alheio aos partidos e aos sindicatos, representa uma nova "pedra no sapato" para o Executivo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética.
"Você pode se manifestar, mas bloquear um país não é aceitável", disse o primeiro-ministro Edouard Philippe na sexta-feira (16). Na quarta-feira (14), o governo francês anunciou medidas para ajudar as famílias mais pobres a cobrir os gastos com energia, mas manteve o imposto sobre o combustível, o que desencadeou os protestos
Os "coletes amarelos", nome alusivo aos coletes fluorescentes que é obrigatório ter no interior dos veículos, têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem publicada na sexta-feira passada. A mobilização se deu pela internet e foi alimentada pelo descontentamento da baixa classe média. O protesto colocou em alerta as forças de segurança e, segundo o canal "BFMTV", com 3 mil agentes prontos para atuar em todo o país.
Muitos dos "coletes amarelos" vivem em zonas urbanas afastadas das grandes aglomerações francesas e asseguram que o carro é o único meio de transporte. Durante os protestos, pediram a renúncia de Macron, que foi acusado de se preocupar somente com a elite e de deixar a classe média largada. "As minhas lhas, professoras, fazem 83 quilômetros ao dia. A despesa em gasolina vai aumentar em 60 euro", lamentou François, um aposentado que se manifestou em solidariedade aos afetados pela medida.
Novo imposto
O novo imposto começará a ser aplicado em 1º de janeiro de 2019 e envolverá um aumento de 2,9 centavos de euro (cerca de R$ 0,12) por litro de gasolina. "Nós não vamos anular o imposto sobre as emissões de carbono, não vamos mudar de curso, não vamos desistir de fazer frente ao desafio" [da mudança climática], disse o primeiro-ministro.
O governo também anunciou um bônus de até 4.000 euros (cerca de R$ 17.100) para incentivar 20% das famílias mais modestas a trocar de carro e comprar uma versão menos poluente. Até agora, o bônus era de até 2.500 euros (cerca de R$ 10,7 mil) para trocar o carro antigo. (As informações do Estadão)
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