A Fifa e a International Board romperam um tabu de décadas e oficializaram, neste sábado (3), o uso da tecnologia do árbitro de vídeo (VAR) no futebol, abrindo uma nova era no esporte e criando a possibilidade para a chegada de patrocinadores do setor de tecnologia.
Depois de uma reunião realizada neste sábado em Zurique, as duas entidades deram o sinal verde para que o vídeo seja implementado para auxiliar árbitros. "Decidimos aprovar a tecnologia para o futebol. A partir de hoje (sábado), o vídeo é parte do futebol e isso é muito importante. Debatemos por décadas e agora decidimos começar", disse Gianni Infantino, presidente da Fifa em uma coletiva de imprensa.
Segundo ele, uma decisão de implementar a tecnologia na Copa do Mundo de 2018 será tomada em dez dias. "Analisamos os testes com cerca de 20 países e, no final, os resultados foram positivos e conclusivos. O VAR é bom para o futebol e para a arbitragem. Traz mais justiça ao jogo", insistiu. "Isso terá um impacto no futebol."
A decisão sobre o vídeo não vem sem polêmicas. A Uefa insiste que a implementação é prematura e que, por enquanto, não a usará na Liga dos Campeões. O ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, também criticou a decisão, alegando que ela tinha o potencial de "desvirtuar" o futebol.
Em 2010, depois de ver a Inglaterra eliminada em um jogo contra a Alemanha na Copa do Mundo depois de um gol injustamente invalidado, Blatter disse que havia chegado o momento de aplicar o replay como forma de ajudar o andamento da partida.
Para a "nova Fifa", os estudos realizados sobre mais de mil jogos com o uso da tecnologia mostraram que o sistema funciona. Jonathan Ford, presidente da Federação de Gales, indicou que a decisão foi "unânime". Mas admitiu que foi ela quem mais resistiu.
Martin Glenn, presidente da Federação Inglesa, acrescentou que ainda há trabalho a ser feito, inclusive para que a prática seja "suave". Mas ele tem sido alvo de duras críticas por parte de treinadores de seu país. "Temos de aprender. Quanto mais jogos fizemos, menos problemas teremos. Precisamos de mais experiência", disse.
Patrick Nelson, presidente da Federação Irlandesa, qualificou o encontro como "histórico". "Essa é a forma de fazer avançar o futebol", indicou. Há um temor ainda de que a introdução da tecnologia possa criar um esporte em duas camadas: uma para aqueles países e ligas mais ricas e outro para quem não teria a capacidade de bancar a tecnologia.
Em uma medida que visa manter a partida em nível elevado e não causar lesões desnecessárias, uma quarta substituição será autorizada para que seja realizada durante a prorrogação de um confronto.
O esforço é o de corrigir erros da Copa de 2014. O Mundial foi marcado por um número importante de partidas que foram para a prorrogação. O que o departamento médico da entidade entendeu é que os jogos caíram em qualidade depois dos 90 minutos e que a saúde dos jogadores passava a ficar ameaçada, quando muitos eram forçados a ficar em campo mesmo se arrastando.
Americanos
Segundo fontes na Fifa, a introdução das diversas tecnologias no futebol apenas em 2018 mostra que o esporte está atrasado em comparação à NFL, NBA e diversas outras modalidades. Levantamentos realizados pela entidade para pensar o futuro do esporte concluíram que o "espetáculo" do futebol nas transmissões tem sido de qualidade inferior e com menor interatividade que os esportes americanos.
Na percepção dos especialistas, isso pode acabar tendo um impacto negativo nas próximas gerações de torcedores, amplamente conectados e esperando que o esporte também recorra às tecnologias para oferecer soluções e mesmo decisões.
Com a nova tecnologia, o plano da Fifa ainda é o de ter patrocinadores bancando cada uma das jogadas sob revisão. Isso tudo, claro, com suas marcas expostas nas emissoras de todo o mundo na Copa de 2018. A busca é por empresas do setor de tecnologia dos EUA, dispostas a entrar no mercado bilionário do futebol. (As informações do Estadão)
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