Marco Polo Del Nero continuará sem saber seu destino por mais 45 dias. A Fifa já informou ao cartola que optou por ampliar a suspensão provisória que havia sido aplicada a ele desde dezembro por mais um mês e meio, na esperança de conseguir até lá completar as investigações sobre o brasileiro.
Del Nero ainda pode levar o caso à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) se for condenado, assim como fizeram Joseph Blatter, Michel Platini e Jerome Valcke. Todos, porém, foram derrotados ao acionarem o máximo tribunal esportivo mundial.
Mesmo com a extensão da suspensão provisória, Del Nero manobrou as eleições na CBF para que seus aliados se mantivessem no poder. A mesma estratégia já havia sido adotada por Ricardo Teixeira, quando deixou o comando da entidade brasileira em 2012 e escolheu a dedo os seus sucessores.
Del Nero foi indiciado nos Estados Unidos ainda em 2015 por corrupção e crime organizado. Mas se manteve no comando da CBF, evitando viajar ao exterior para não ser preso e extraditado aos EUA. Durante o julgamento de José Maria Marin em dezembro de 2017, Del Nero foi acusado de ter recebido US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 21,1 milhões pela cotação atual) em propinas, em troca de contratos comerciais com a CBF.
A Fifa, durante dois anos, não agiu em relação a Del Nero, alegando que não tinha provas suficientes para o punir. Mas o brasileiro acabou suspenso temporariamente em dezembro, quando os documentos do FBI foram tornados públicos. Desde então, a entidade passou a investigar o cartola e agora chegou à constatação, às vésperas do final do prazo de suspensão, de que precisa continuar a apuração.
Isso significa que ele não pode nem entrar na CBF para eventos sociais, não pode presidir clubes de futebol, nem fazer parte de organização de torneios por mais 45 dias.
Del Nero chegou a ser interrogado pela Fifa, por meio de uma vídeo conferência. Cada um dos detalhes apresentados na corte norte-americana contra Del Nero foi questionado, entre eles os acordos com José Maria Marin para repartir o dinheiro. Numa das evidências, os investigadores apontaram como Del Nero herdou a propina que, até 2012, era paga a Ricardo Teixeira. Porém, o montante de US$ 600 mil foi aumentado para um total de US$ 1,2 milhão.
Entre outros argumentos, Del Nero alegou que não esteve na reunião no Paraguai citada por testemunhas em que subornos foram supostamente negociados em relação a contratos de TV para torneios sul-americanos.
Em Nova York, durante o julgamento de dirigentes de peso do futebol em dezembro, o empresário argentino Alejandro Burzaco revelou na condição de testemunha que foi em outubro de 2014 ao Paraguai. Lá, negociou propinas com Del Nero e com o ex-presidente da Conmebol Juan Napout.
Mas, na esperança de reverter a decisão, Del Nero tentou provar com documentos de imigração que não viajou ao Paraguai para o suposto encontro citado por Burzaco, chefe de uma das empresas que pagava a propina em troca de contratos de TV. Procurada pela reportagem para comentar a ampliação da suspensão a Del Nero, que ainda não foi oficializada pela entidade, a Fifa não se pronunciou. (As informações do Estadão)
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