domingo, 29 de julho de 2018

GILBERTO TRAÇA META OUSADA DO BAHIA: BOTAR O TIME NA LIBERTADORES

A camisa 9 do Bahia ficou guardada por seis meses até Gilberto chegar ao Fazendão. O centroavante, 29 anos, balançou a rede nos três jogos que disputou e mostrou que a espera valeu a pena. A artilharia pode ser ampliada amanhã (hoje), no jogo das das 20h, contra o Atlético-MG. Gilberto está com tanta fome de gol que até estabeleceu um ‘bicho para assistências’.

O novo goleador do Bahia recebeu a reportagem do CORREIO na casa onde mora, na Estrada do Coco, na companhia da esposa Natália e de Zeus, um golden retriever que não desgruda dele por nada. Durante a entrevista exclusiva, Gilberto revelou que já pensa em renovar com o clube. Ele quer escrever o nome na história, como fez o ex-companheiro e ídolo Marcelo Ramos.

Esse é o seu melhor começo em um clube?
Sim. Eu nunca tinha feito isso de marcar na estreia e continuar fazendo gols.

Se entrosou com o time em pouco tempo e recebeu passes de jogadores diferentes para cada gol. Já agradeceu a Elton, Zé Rafael e Régis pelas assistências?
Eu agradeço, sim. Até fiz uma brincadeira com eles. Falei que se eles me dessem passe, eu daria um bônus (financeiro) pra eles. O Elton ganhou a primeira e o Zé a segunda. Um bônus de incentivo para eles darem esse passe. Acho importante no momento não apenas eu marcar, mas também uma galera estar bem consigo mesma. É um bicho para passe. A gente tem essas brincadeiras no vestiário. Ainda continua, mas o do Régis não foi uma assistência, porque foi de escanteio e tem que ser com a bola rolando. Tem critério. A gente vê aí como vai ficar a situação com ele. É um incentivo, nada demais.

Já está 100% fisicamente?
Tô chegando lá. Fisicamente eu estou 100%, mas o jogo exige muitas coisas e uma delas é a adaptação com a bola. Isso acontece a partir do quinto jogo. Acho que nesse quarto jogo eu já vou estar mais inteiro, até mais rápido em algumas tomadas de decisões.

Qual a sua meta no Bahia?
Eu passei por vários clubes, mas apenas no Inter consegui chegar entre os primeiros, classificar e jogar a Libertadores. Hoje, a minha meta é chegar entre os primeiros e conseguir algo grandioso, porque é o que eu acho que falta na minha carreira, títulos grandes, uma Copa do Brasil ou um Brasileiro, algo que deixe um legado bom. Minha maior meta é fazer com que o Bahia se classifique para a Libertadores. Acho que o clube tem condição, o talento individual dos jogadores é muito bom. É uma meta minha, não sei se é uma meta do clube.

Sabia que ninguém tinha usado a camisa 9 do Bahia esse ano ainda?
Não sabia, não. Estava guardada para mim então. Estava chegando o momento de alguém usar e eu estou sendo grato de poder usar uma camisa histórica no Bahia. Jogadores que foram campeões aqui, que passaram aqui e fizeram uma carreira excelente. Um deles eu sou muito fã, que já vestiu a 9 do Bahia, que é o Marcelo Ramos, um jogador fantástico e uma pessoa excelente. Eu tive o prazer de jogar com ele e de ter ele no mesmo vestiário no Santa Cruz. Tudo que eu tô tentando passar hoje para os mais novos ele passou um pouco pra mim. Ele passava pra mim tranquilidade na hora de finalizar, de ter mais controle da bola pra si pra tomar as decisões corretas.

Você se movimenta bastante em campo. É uma estratégia?
Eu sou alto, mas não tão alto como os zagueiros. No nosso time a nossa média de zagueiros é de 1,90m, eu tenho 1,78m, então não vou ficar toda hora disputando bola com os caras mais altos que eu pelo alto. Então eu tento me movimentar para buscar meus espaços e, na hora que os caras estiverem chegando para fazer o cruzamento, eu vou em direção à bola, porque aí eu tenho a possibilidade, por ser um pouco mais rápido, de tomar a frente e fazer os cabeceios.

O que foi determinante para voltar da Turquia? Te incomodava muito estar no banco?
Incomodava. Tomei a decisão de sair do Brasil para buscar novos ares e ser titular em um lugar diferente, um país e cultura diferentes. Eu não tive oportunidade de ser titular em nenhum jogo. Quando eu cheguei, estava mal fisicamente e precisei esperar pra condicionar. Depois, eles estavam com planejamento de vender o atacante que estava lá, o Boutaib, que fez o último gol da seleção do Marrocos na Copa. Ele é um bom atacante. Deixei rolar e, quando tive oportunidade de voltar para o Brasil, escolhi o que era melhor para o momento que eu e minha esposa vivemos hoje, um momento de mais tranquilidade e de paz. A decisão foi acertada, estamos felizes e perto de casa.

Nenhum centroavante se firmou no Bahia esse ano. Isso te atraiu?
Não, porque eu acho que o Kayke, o Edigar e o Brumado são jogadores fantásticos. Eu não vim sabendo que seria titular. Eu vim querendo mostrar, mas eu queria ter uma responsabilidade com o clube, de passar tranquilidade para jogadores mais novos.

Com quem mais conversa?
Eu converso bastante com o Brumado. Tenho certeza que quando ele tiver a próxima oportunidade, irá bem, vai fazer os gols, se firmar ainda mais no profissional e dar aquele salto, pra todo mundo olhar pra ele. Tenho certeza que daqui a um ano ou dois vão vir times do eixo Rio-São Paulo para contratá-lo. Ele vai ser um jogador diferente da posição, porque é um cara alto, forte e tem uma boa técnica.

Quando está de folga, Gilberto se diverte na sinuca com os amigos (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Além da Turquia, você também já jogou no Canadá e nos Estados Unidos. Ainda pensa em jogar fora do Brasil?
Meu pensamento hoje é continuar no Bahia fazendo uma história bonita. Eu ainda não consegui fazer uma história grande em nenhum time. Eu não tenho mais de 100 jogos por nenhuma equipe. A gente nunca sabe o futuro, pertence a Deus, mas o que eu mais queria era fazer uns 100 jogos pelo menos com a camisa do Bahia.

Seu contrato vai até dezembro e até o final do ano o Bahia não terá 100 jogos. Quer renovar então, né?
Vontade eu tenho, estou feliz onde estou, mas renovar ou não é consequência daquilo que for demonstrado dentro de campo e eu pretendo continuar mostrando o melhor futebol possível.

Contra o Cerro você comemorou o gol com um ‘mortal’, como já fez em outros clubes. Vai festejar assim a partir de agora?
Não, foi só um. Por mais que eu sempre tenha feito isso, desde criança, nas areias de Entremontes, é arriscado ter uma lesão fazendo esse tipo de comemoração. A gente não precisa de ninguém machucado. Preciso estar bem, dentro de campo, ajudando.

O que você quis passar no gif que o clube divulga quando você faz gol?
Ficou engraçado. Parece que eu tô chamando pra mim a responsabilidade. Não pensei nisso. Pensei no momento o que iria fazer. Não tinha nada já pré-determinado, foi natural.

Circulou nas redes sociais uma foto sua com um frentista de posto de gasolina pouco antes de você chegar a Salvador. Como foi essa resenha?
Parei no posto e vi o frentista rindo pra caralho. Aí ele veio perguntar ‘você é o Gilberto que jogou no São Paulo’? Aí ele pediu pra tirar uma foto. Não sei se ele fazia parte de algum grupo de WhatsApp sobre o Bahia, só sei que ele colocou lá ‘encontrei com Gilberto e ele tá indo em direção a Salvador’. Aí todo mundo ficou sabendo que eu estava vindo pra cá.

Você já se tornou um dos líderes do grupo. Se importa com isso?
É importante pra mim esse papel. A gente tem o nosso capitão, que é o líder, meu amigo Tiago, e temos outros capitães dentro do grupo. Fazemos reuniões para ajustar algumas coisas. Quando eu cheguei, eles me chamaram para conversar e eu passei aquilo que eu achava que seria bom pra gente. As coisas estão dando certo. Procuro sempre passar tranquilidade e enfatizar algumas coisas que a gente pode fazer em cima do rival.

Como você acha que será o jogo contra o Atlético-MG?
Muito difícil. É um jogo que a gente vai ter que correr bastante, se doar ao máximo pelo companheiro. O Atlético-MG perdeu alguns jogadores que tinham uma certa importância no clube, mas é um time que vem bem e que tá na parte de cima da tabela, então a gente tem que ter todo o cuidado possível para poder não ser surpreendido dentro de casa.

Vai ter gol seu de novo?
Vai ter muito empenho e muita determinação para conseguir o triunfo. Não prometo que vou fazer gol pra ninguém pra depois não ser cobrado por aquilo que prometi. Eu prometo meu empenho. (As informações do Correio)

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