A Polícia Federal pediu ao ministro Edson Fachin, relator da operação Registro Espúrio no Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar busca e apreensão em endereços do ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB-MS).
As buscas, segundo os investigadores, tinham como objetivo avançar na investigação sobre a suspeita de que Marun mantinha relação com a organização criminosa que atuava em fraudes para emissão do registro sindical na Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Trabalho. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Fachin negou o pedido da PF ao acatar posicionamento da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo ela, ainda não há elementos da participação de Marun nos crimes investigados pela Registro Espúrio. O posicionamento de Fachin foi no mesmo despacho em que autorizou o afastamento de Helton Yomura, ministro do Trabalho.
Ao solicitar busca contra Marun e sua chefe de gabinete, Vivianne Melo, a PF citou conversas de alvos da operação que foram interceptadas. Essas conversas, segundo a PF, revelam que o ministro se valia de sua posição e cargo político para solicitar registros sindicais a entidades de seu interesse.
A PF cita mensagens entre a chefe de gabinete de Marun e o ex-coordenador de registro sindical do MTE, Renato Araújo, preso na primeira fase da Registro Espúrio. De acordo com a PF, essas conversas revelam a ingerência e demandas apresentadas pelo ministro no MTE.
No caso citado pelos investigadores, Marun estaria atuando em favor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Cooperativas de Carnes e Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael). A entidade é de Mato Grosso do Sul, base eleitoral de Marun.
Nas mensagens citadas pela PF também aparece Júlio de Souza Bernardo, chefe de gabinete de Yomura. Bernardo foi preso hoje pela Operação Registro Espúrio e o ministro foi alvo de busca e afastado do cargo pelo ministro Edson Fachin.
Para a PF, as mensagens entre Bernardo e Renato Araújo mostram que o chefe de gabinete do ministro do Trabalho estaria sendo cobrado para atuar de acordo com os interesses de Marun.
Com a palavra
Procurado, Marun ainda não se manifestou sobre as suspeitas levantadas pela PF.
A defesa do ministro do Trabalho, Helton Yomura, negou nesta quinta-feira, 5, ter cometido qualquer irregularidade. "O ministro do Trabalho Helton Yomura adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação", afirmou, em nota, César Caputo Guimarães, criminalista do núcleo de Direito Penal do Nelson Wilians e Advogados, e André Hespanhol, advogado criminalista.
Segundo a nota, a defesa recorrerá contra a decisão que afastou Yomura. "Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade", afirma.
Os demais citados não haviam sido localizados até a publicação da notícia. (As informações do Estadão)
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