Políticos avaliam ser muito cedo para projetar algum efeito do julgamento que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas mesmo opositores ao PT entendem que a corrida eleitoral pode perder em força, caso Lula não concorra para a presidência da República neste ano.
O líder do PR na Câmara dos Deputados, o baiano José Rocha, classificou o aumento da pena como um exagero e disse que eleições ficariam desfalcadas sem a presença de Lula. "Foi uma pena excessiva, poderia ser regime semiaberto, mas o que a Justiça determina tem que ser acatado" registrou o líder que avalia caber à Justiça Eleitoral determinar quem concorrerá. Rocha teme que sem Lula fique uma imagem de que o petista só não ganhou as eleições por não ter sido candidato.
Da Bahia, o também democrata Cláudio Cajado entende que houve respeito ao devido processo legal, preferiu não fazer juízo de valor quanto à sentença e criticou "não se pode, em hipótese nenhuma, permitir que aconteça o que vem sendo feito por parte do Partido dos Trabalhadores, que é tentar desqualificar a Justiça, tanto o julgamento quanto a condenação". Cajado comemorou que a aplicação da Lei tenha chegado aos políticos: "Esse fato chama atenção, porque outros políticos também estão sendo condenados", avaliou.
Recorrer da decisão
Um dos vice-líderes do PSDB na Câmara, o baiano João Gualberto, não considera relevante a participação de Lula nas eleições. "Não estou preocupado com ausência de Lula, o mais importante é que a Constituição tem que ser respeitada, como aconteceu". Ele fez um diagnóstico: "acho que vão ficar mais sérias as condenações da Lava-jato, vai dar força, com outros condenados".
Opinião totalmente diferente da senadora Lídice da Mata (PSB) que lamentou o resultado do julgamento e afirmou que desde o impeachment de Dilma Rousseff "todas as regras foram quebradas, até se chegar à condenação de uma pessoa pública sem provas concretas". A senadora Lídice da Matta (PSB) entende que as consequências da condenação na segunda instância vão aparecer aos poucos e comentou que "o Judiciário assumiu um papel nunca visto na história do Brasil".
Por sua vez, a ex-presidente Dilma Rousseff definiu a decisão que condenou Lula como "a mais nova e perigosa etapa do golpe". Dilma registrou a intenção do partido em recorrer da decisão judicial.
O que também foi explicitado pelo deputado Afonso Florence que acompanhou em Porto Alegre o julgamento, mas seguiu para São Paulo onde acontece hoje, uma reunião da Executiva do PT que deve debater os próximos passos, incluindo a manutenção da candidatura de Lula à presidência da República.
Páginas de tristeza
O ex-prefeito de Camaçari, o deputado federal Luiz Caetano (PT) disse que o partido vai continuar o trabalho e fazer o planejamento das próximas etapas considerando que o apoio a Lula cresce mesmo com o que considera ser uma perseguição. "Vamos recorrer e em agosto vamos referendar a candidatura de Lula". Caetano concluiu: "Não tem Plano B, nós já deixamos isso claro".
O governador da Bahia, Rui Costa, reagiu indignado à condenação com ampliação do tempo da pena de detenção: “Um golpe contra a democracia!” é o título da nota distribuída à imprensa. “A pergunta que não quer calar é: Cadê a prova contra Lula? A democracia e o Estado de Direito Brasileiro sofreram um duro golpe. Precisamos defender um Brasil mais justo e mais igual, sem preconceitos, um país livre e soberano... Ao manifestar minha solidariedade ao presidente Lula, defendo um verdadeiro pacto de Estado, um pacto de paz. Defendo um Brasil sem ódio e sem ressentimentos. O que aconteceu hoje é um fato lamentável que entra nas páginas de tristeza da história brasileira”, escreveu Rui Costa.
Já o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) preferiu não comentar o resultado do julgamento e disse somente que "decisão judicial é para ser respeitada". (As informações do A Tarde)
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