Os dois policiais militares que participaram de uma ação no bairro de Jardim Santo Inácio, em Salvador, que resultou na morte da menina Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, na manhã desta quarta-feira (24), terão que entregar as armas utililizadas no alegado confronto para a perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A informação foi confirmada ao CORREIO pela assessoria da Polícia Militar, segundo a qual a dupla, que não teve o nome divulgado, também vai precisar comparecer no Departamento de Homicidios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, para prestar depoimento sobre o ocorrido.
Após falarem sobre o incidente - os PMs contam que foram recebidos a tiros, por um grupo de suspeitos, na comunidade Paz e Vida -, os policiais devem continuar trabalhando normalmente. Isso porque, segundo a assessoria da corporação, não há nenhuma prova contra os PMs.
"Até o momento, não existem elementos que imputem a responsabilidade aos policiais, uma vez que os militares relataram um confronto", diz o comunicado. A investigação está com a 2ª Delegacia de Homicídios (2ª DH/Central). Parentes e vizinhos da menina já foram ouvidos pela polícia, e disseram que não viram confronto e que os PMs chegaram na comunidade atirando.
Relembre o caso
No dia do crime, Geovanna estava sentada no sofá de casa - um barraco improvisado -, quando resolveu sair para rua. Ela viu o avô, que chegava para fazer uma visita, e tentou ir ao encontro dele. Nesse momento, acabou atingida por um tiro na cabeça, e caiu na porta da residência.
Um estilhaço do projétil que matou a menina caiu no sofá onde ela estava sentada segundo antes, conforme contou ao CORREIO a avó da vítima, Valdete Maria Paixão, 66 anos. A comunidade e a família de Geovanna culpam a polícia pela morte. "[Policiais], não venham dizendo que foi troca de tiros. Vocês precisam ser homens e assumir que mataram a minha neta. Se querem bandidos, vão procurar fora daqui", desabafou Valdete.
De acordo com a vice-presidente da associação de moradores da comunidade, Cileide Gomes da Silva, os policiais estavam em um carro modelo Ford Ka, preto e sem padronização. O local, ainda de acordo com ela, é tranquilo e seguro. "Foi um absurdo. Aqui só mora mãe e pai de família, crianças que brincam na rua. Não é a primeira que a polícia entra aqui dessa forma", afirmou a líder comunitária.
A comunidade surgiu há cinco anos, e hoje moram lá 250 famílias. Geovanna vivia no local há cerca de oito meses com a avó, depois que os pais se separaram. O irmão mais novo dela, de apenas 5 anos, também presenciou o crime. A garota era aluna da Escola Municipal Jardim Santo Inácio. "Meu neto quando viu ficou sem saber o que estava acontecendo com a irmã. Ele me perguntou: 'por que ela estava deitada, vó?'", relatou Valdete.
O sepultamento de Geovanna acontece na manhã desta sexta-feira (26), às 10h, no Cemitério Municipal de Pirajá. A família da garota pretende denunciar o caso à Corregedoria da Polícia Militar. (As informações do Correio)
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