A Polícia Federal (PF) continua a investigar Oswaldo Borges da Costa Filho, empresário, amigo e suposto operador do Senador Aécio Neves (PSDB-MG). Por isso, os responsáveis pela investigação solicitaram cópias dos registros de entrada e saída de endereços ligados ao empresário, quebraram sigilo bancário e investigam o envio e recebimento de dinheiro que seria do senador tucano.
Borges foi o responsável pela obra mais cara da gestão de Aécio no estado de Minas Gerais, a Cidade Administrativa, sede do governo do estado que concentra a prestação de serviços públicos estaduais. Segundo um delator da Odebrecht, ele teria recebido dinheiro de propina e caixa 2 em favor de Aécio Neves e seu grupo político.
O empresário é conhecido como tesoureiro não oficial do senador nas campanhas para o governo de Minas, para o Senado e para a Presidência (2002-2014). Durante o governo de Aécio em MG, foi direcionado para dirigir a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), empresa responsável pela construção da Cidade Administrativa.
A PF solicitou os registros das sedes da Codemig, das sedes da concessionária de veículos Minas Máquinas, da qual Borges é diretor financeiro, e de um apartamento alugado pela Odebrecht onde teriam ocorrido as entregas de dinheiro vivo a intermediários de Borges para despistar as autoridades. O pedido de acesso aos registros de endereços foi feito no final de dezembro do ano passado. O foco da Polícia é averiguar os depoimentos dos delatores feitos em 2017 e cruzar as informações.
A busca é referente ao segundo inquérito que Borges responde. Junto com os senadores Aécio e Antonio Anastasia (PSDB) e com o marqueteiro Paulo Vasconcelos do Rosário Neto, ele é acusado de tirar vantagens indevidas a pretexto da campanha eleitoral de Anastasia ao governo de Minas Gerais, em 2009 e 2010.
Sérgio Neves, delator da Odebrecht e peça chave da investigação, afirma que encontrava com o acusado na sede da Minas Máquinas, em Contagem, município da região metropolitana de Belo Horizonte para repassar senhas que seriam usadas por um emissário para retirar dinheiro. O delator disse que chegou a fazer a entrega de R$ 500 mil em espécie.
Por outro lado, Oswaldo Borges contradisse a afirmação do delator em seu depoimento à PF. O empresário enfatizou que não se encontrou com o ex-executivo da Odebrecht na sede da concessionária no ano de 2014. O ex-diretor da Codemig e Aécio mantêm relações próximas desde os anos 1980. Borges é casado com uma das filhas do padrasto do tucano, o banqueiro Gilberto Faria (1922-2008).
Cidade Administrativa
O primeiro inquérito do qual Borges foi acusado diz respeito à construção da Cidade Administrativa, de acordo com a delação de dois executivos da Odebrecht, o senador teria organizado um esquema pra fraudar licitações através da organização de um cartel de empreiteiras.
A obra era estimada em R$ 500 milhões e orçada em R$ 949 milhões, mas possuiu um custo total de R$ 1,26 bilhão segundo documentos do governo de Minas. O ex-chefe do setor de operações estruturadas da Odebrecht, Hilberto Silva, afirmou que a propina era de 3% do valor contratado pelo governo de Minas Gerais junto à Odebrecht. Além disso, o ex-executivo da OAS, Léo Pinheiro confirmou a história de Silva. Segundo ele, o valor da propina também seria de 3% sobre o contrato. Como a OAS recebeu R$ 102,1 milhões, a suposta propina seria equivalente a pouco mais de 3 milhões.
De acordo com os delatores, em 2009, a empreiteira pagou R$ 1,8 milhão e em 2010, o valor pago em vantagens indevidas foi de R$ 5,47 milhões. Em ambos os inquéritos, Borges da Costa é suspeito de corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro.
Outro lado
O advogado de Oswaldo Borges, Carlos Alberto Arges Júnior, disse que não tinha autorização de se pronunciar sobre o caso. No depoimento à PF, Oswaldo Borges negou ter praticado os crimes. (As informações do A Tarde)
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