"Foi tudo muito emocionante, a ficha ainda não caiu", conta a historiadora mineira Ana Paula Lima, 40 anos, pouco depois de uma reunião com a paquistanesa Malala Yousafzai, 21 anos, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2014. O encontro aconteceu na Instituição Nacional de Ação Indigenista (Anaí), no Pelourinho, com o objetivo de firmar parceria com o Fundo Malala, que fomenta a educação de meninas em todo o mundo.
Três estudantes indígenas conversaram com a ativista. A Anaí está entre as instituições brasileiras escolhidas para trabalhar na parceria planejada para durar três anos. Ao fim desse período, a entidade deve dar continuidade aos projetos desenvolvidos com a fundação criada em 2013 – "e, também, começar novos", lembra Ana Paula, uma das coordenadoras da Anaí há quatro anos.
Motivação
"A ideia é nos unir a algumas escolas em Salvador e incentivar as meninas indígenas a continuarem os estudos. Para as que, por alguma razão, precisaram parar por um período, vamos mostrar a importância de voltar a estudar", afirma Ana Paula, uma das três brasileiras que, pela trajetória na promoção da educação, passa a carregar o título 'Education Champion' (campeão da educação, em tradução livre) do Fundo Malala.
"Malala fala muito sobre a importância de apoiar iniciativas locais. Só assim alcançamos a verdadeira mudança. O champion passa por um treinamento em vários lugares do mundo, com o objetivo de fomentar a educação das meninas", explica.
A rápida e abarrotada agenda da ativista paquistanesa em Salvador – na segunda-feira, 16, ela estava em São Paulo e, nesta terça, 10, embarcou para o Rio de Janeiro – faz parte de uma iniciativa do Fundo chamada Rede Gulmakai, que hoje atua e reúne champions no Afeganistão, Índia, Nigéria, Paquistão, Síria e, agora, Brasil.
A visita ao Centro Histórico começou no fim da manhã – por volta das 10h30, ela caminhava pelas ruas do Pelourinho. Entre um aceno e outro para quem passava e gritava o seu nome, visitou a varanda onde foi gravado o clipe They Don't Care About Us, de Michael Jackson, a Escola Criativa do Olodum – a portas fechadas para o público e para a imprensa – e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.
A pausa para o almoço durou pouco mais de duas horas. Tempo para que uma pequena aglomeração de fãs e curiosos se formasse na porta do restaurante do hotel Villa Bahia. Fãs crianças e adultos com livros da paquistanesa tentavam, em vão, algum contato. "É impossível falar com ela", decretou uma das assessoras que falava português.
Pela tarde, a visita à Anaí, por questões de segurança, também foi privada – mas apenas à imprensa local. Equipes do jornal americano The New York Times e do britânico The Times tiveram acesso aos eventos. Na instituição, Malala foi recebida por danças e cantos indígenas.
Ao fim da reunião, contrariando qualquer expectativa de quem esperava na rua, a ativista, sempre acompanhada pela equipe, seguranças e agentes da Polícia Federal, não entrou no carro que a aguardava. Foi direto para o Bar Zulu, onde passava o jogo França x Bélgica. A entrada foi tumultuada e aborreceu os turistas belgas que assistiam à partida – as portas foram fechadas e a concentração de pessoas atrapalhava quem via o jogo.
Enquanto Malala e sua equipe assistiam às semifinais da Copa do Mundo, a reportagem de A TARDE perguntou a um agente da Polícia Federal se havia esperanças de ela atender os admiradores e assinar os livros.
A resposta resume bem o que pensavam muitos dos que estavam ali: "Eu acho que não… Sei que não é culpa dela, mas essa comitiva está exagerando!". Pelo menos, antes de partirem para o Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, deu tempo de ver o gol da França.
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2014, a paquistanesa Malala Yousafzai visita o Pelourinho e cumpre agenda em Salvador nesta terça-feira, 10. (As informações do A Tarde)
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