quinta-feira, 14 de setembro de 2017

POLÍCIA DIZ QUE ARMA E DROGAS FORAM ENCONTRADAS COM ADOLESCENTE MORTO NO URUGUAI

A família de Anderson Albuquerque dos Santos Júnior, 14 anos, enterrou, nesta quarta-feira (13), o corpo do adolescente no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. Eles afirmaram ao CORREIO que a morte dele é resultado de uma ação da Polícia Militar, ocorrida na madrugada de sábado (09), no bairro do Uruguai, em Salvador.

O departamento de comunicação da PM afirmou, em nota enviada ao CORREIO, que policiais da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai) foram chamados para atender a uma ocorrência que denunciava a presença de homens armados em uma festa de paredão que acontecia na Travessa Dois de Julho, no Caminho de Areia.

Ainda conforme o comunicado, os PMs foram recebidos a tiros. "Houve troca de tiros e os suspeitos fugiram. Em seguida, os policiais avistaram um indivíduo caído ao solo juntamente com uma arma calibre 38, munições e drogas. O suspeito foi socorrido para o Hospital Ernesto Simões", completou a PM.

Dor
Durante o enterro, a família negou a versão da polícia. "A gente sabia desde o início que eles plantariam drogas e armas nas mãos do meu filho. Não tiveram piedade", disse o pai da vítima, Wagner Albuquerque, professor de Educação. Bastante abalada, a mãe de Anderson, a cabeleireira Carla Santana dos Santos, 35, precisou ser amparada por outros familiares. Pelo menos 200 pessoas, entre amigos e familiares, prestaram as últimas homenagens ao estudante.

Avó do adolescente morto, a dona de casa Mariá Pereira Albuquerque, 58, contou ao CORREIO os últimos momentos do neto. "Ele estava no aniversário do amigo e o meu marido, avô dele, foi lá para observar a festinha, na rua ao lado, três vezes", lembra. Mariá disse que ela e o marido estavam assistindo televisão quando, por volta de 1h30, viaturas da 17ª CIPM chegaram atirando.

"Eu juro que quando percebi as luzes da viatura, pensei em Júnior. Gritei meu marido na hora, mas logo começaram os tiros. Eles já entraram atirando, então, não tivemos tempo. Ficamos aflitos aqui em casa. Quando desci, eu vi eles jogando uma pessoa na viatura, parecia já estar morta, mas não sabia que era meu neto", disse, emocionada, a avó do adolescente.

Ainda conforme dona Mariá, moradores presenciaram policiais agredindo fisicamente o garoto que, segundo a família, teve o rosto desfigurado. "Não deram socorro a meu neto. Isso não pode ficar impune, a polícia precisa parar de matar inocentes. Eles vestem aquela farda e ficam possuídos e, pior, com uma arma na mão", desabafa.

Pai de Anderson, o professor Wagner Albuquerque afirmou que a família deve procurar o Ministério Público Estadual (MP-BA) para denunciar o caso. "A gente se sente muito inseguro, infelizmente. Eu sei que existem policiais honestos, mas o que esses PMs fizeram foi uma crueldade sem tamanho".

Oração
Aluno do 8º ano do ensino fundamental, Anderson estudava no Colégio Estadual Preciliano Silva, na Ribeira, também na Cidade Baixa. O CORREIO entrou em contato com a direção da escola, que confirmou que o adolescente já foi aluno do turno da tarde e atualmente estudava à noite. A direção informou que uma roda de oração foi organizada para prestar as últimas homenagens ao garoto, na tarde desta quarta, no pátio do colégio.

A Polícia Civil informou que, inicialmente, a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), comandada pela delegada Ana Virgínia Paim, era responsável pelas investigações, mas, após a morte do adolescente, o caso foi encaminhado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A assessoria da Polícia Civil não divulgou detalhes do caso. (As informações do Correio)

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