A oportunidade pode estar ao seu lado, ou melhor, na vizinhança. É o que alguns grupos de taxistas já descobriram e estão utilizando para reagir ao domínio do Uber - a chegada do aplicativo em Salvador, em abril de 2016, fez reduzir a clientela dos táxis em cerca de 60%.
O passageiro que costumava reclamar dos preços das corridas, do mau atendimento de alguns taxistas ou até da recusa em entrar em determinadas ruas e bairros de Salvador, agora tem alternativas. E não é porque há mais um aplicativo de transporte individual chegando à cidade. Os próprios taxistas decidiram se movimentar e contra-atacar, oferecendo um serviço "regionalizado".
Entre as inovações estão descontos em corridas isoladas - que pode chegar à metade do preço da corrida comum, ou não cobrança da bandeira 2 -, chamadas via Whatsapp para facilitar a comunicação com os clientes e a garantia de levar o passageiro a qualquer local do bairro, mesmo os considerados mais perigosos, ou seja, onde muitos uberistas se recusam a entrar.
Foi com essa proposta que surgiu o app Táxi do Vale, no bairro do Vale das Pedrinhas. O serviço ganhou a confiança dos clientes, já que muitos passageiros preferem trafegar com motoristas conhecidos - parte deles vizinhos na localidade.
Moradora do bairro, a cozinheira Célia Maria Araújo de Jesus, 50 anos, que trabalha no Nordeste de Amaralina, diz que conhece todos os motoristas da região e costuma utilizar o serviço pela comodidade e melhor possibilidade de negociação.
“Posso pegar fiado e eles levam em qualquer lugar mesmo! É muito prático e mais fácil pra mim. Chamo no aplicativo e no Whatsapp”, conta Célia, que usa o serviço Táxi do Vale diariamente, há mais de um ano. Para clientes como ela, que usam o serviço com frequência, mais um mimo: voucher mensal, com 20% de desconto.
O serviço surgiu como grupo de WhatsApp e, mais recentemente, virou aplicativo para atender a demanda de passageiros do Vale das Pedrinhas e de Santa Cruz, onde motoristas se recusam a trafegar - com o sucesso da iniciativa, outros bairros passaram a ser atendidos. “Muitos colegas taxistas têm medo de entrar aqui no bairro [Vale das Pedrinhas] por causa da violência, mas para a gente que é morador também, não tem problema”, explica o taxista Valter Eliomar, 42, que é cadastrado no serviço e trabalha há sete anos no ramo.
Atualmente, 30 taxistas “do Vale” atendem aos chamados dos clientes - 15 ficam em pontos no Vale das Pedrinhas e na Santa Cruz e 15 em outros pontos localizados em outros bairros, dentre eles Cabula, São Rafael, Barra e no Centro. Por enquanto, o passageiro que está fora desses bairros e quer solicitar o serviço tem que contar com um pouco de sorte.
“Se a gente tiver circulando, o passageiro pode solicitar nosso serviço na rua e ir a qualquer lugar da cidade”, diz Ueverton Uendel Pereira de Sousa, 23 anos, cinco como taxista, um dos diretores do aplicativo.
Ueverton explica ainda que esse é um dos requisitos para o motorista atender pelo aplicativo ou pelo grupo no WhatsApp. “A gente mora num bairro considerado perigoso, então, já sabemos os cuidados que devemos tomar, como não entrar em determinadas localidades com farol alto, abaixar os vidros e acender a luz interna”, explica.
São 120 cadastros no aplicativo e cerca de 500 usuários no grupo do WhatsApp. “A ideia era usar só o app, mas muitas pessoas ainda preferem chamar a gente pelo grupo”, justifica Ueverton. Segundo ele, muitos clientes não têm mais memória no celular para baixar outro app ou têm dificuldade em lidar com outros aplicativos além do WhatsApp. (As informações do Correio)
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