Assim como na primeira sessão que livrou Michel Temer da primeira denúncia em agosto, a maioria dos parlamentares baianos, ao contrário do placar geral da Câmara dos Deputados, votou contra o presidente. Os deputados repetiram as posições que tiveram na primeira denúncia e o placar foi o de 21 votos em favor da denúncia e 14 favorável ao relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que rejeitou as acusações da Procuradoria Geral da República e pediu arquivamento da matéria. A novidade foram as ausências de três parlamentares: Erivelton Santana (PEN), José Carlos Araújo (PR) e Márcio Marinho (PRB).
Não só isso, também chamou a atenção o fato de o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM) ter chamado ao microfone para votar somente 38 parlamentares baianos, de uma bancada de 39. A TARDE apurou que a cadeira vaga foi consequência de uma negociação direta com o Planalto.
Petistas e aliados de esquerda aproveitaram para discursar contra as medidas de Temer e a “compra de votos” durante os 15 segundos ao microfone. Já Lúcio Vieira Lima (PMDB), que está sendo investigado por suposto envolvimento com o “bunker” onde foram encontrados R$ 51 milhões atribuídos ao irmão Geddel Vieira Lima, foi lacônico. Dirigiu-se ao microfone e disse um rápido “sim”.
O deputado Fernando Torres, do PSD do senador Otto Alencar, brincou com Rodrigo Maia. Disse que votaria em favor da denúncia embora gostaria de votar no presidente da Casa para a presidência da República.
Emendas
Os votos favoráveis ao arquivamento da denúncia foram alvo de ataques de partidos opositores, que acusaram parlamentares de barganhar com o governo em troca de liberação de emendas parlamentares. Daniel Almeida (PCdoB-BA) acusou um deputado baiano do PPS de receber R$ 100 milhões em troca de apoio à Temer na Câmara.
“É lamentável que tudo isso está se transformando num balcão de negócios. O governo está usando o exercício da presidência para transformar ele num escudo, no objetivo de proteger a si e os ministros que estão lá”, disse Almeida, na quarta-feira, 25, ao apontar a manipulação do orçamento no Palácio do Planalto para beneficiar na Bahia aqueles que votaram sim ao arquivamento da denúncia.
Almeida ainda acredita que o governo segura o empréstimo de R$ 600 milhões – já autorizado - do Banco do Brasil ao estado. “É uma barganha”, aponta o parlamentar baiano. Como moeda de troca, ele acredita, a base aliada da Bahia receberá recursos para abastecer municípios com máquinas e equipamentos para educação e saúde. “As ambulâncias do Samu estão sendo repostas e serão passadas por meio de emendas a deputados que se comprometem com o governo”.
Empréstimo
Sobre o empréstimo do Banco do Brasil, Cláudio Cajado (DEM-BA), que votou pelo arquivamento da denúncia, acredita que os recursos naturalmente virão ao estado e rejeita a teoria de a liberação para deputados apoiadores do governo se trate de barganha. “Essa execução é obrigatória e tem que ser executada até dezembro. Quero que os números digam isso, não só a oposição”, afirmou.
O baiano do DEM afirma que a permanência de Michel Temer na presidência do Brasil até o término do mandato é benéfica à Bahia, e que o presidente trabalha em harmonia com o estado. “O dano é maior ao país se ele sair do que ficar. Para a Bahia, os recursos estão chegando, em várias áreas, como educação, saúde, mobilidade, meio ambiente”.
Apesar de vitoriosa no estado, a oposição faz apenas pressão política de momento, como ressalta Cajado. “ACM Neto sofreu retaliação de Dilma e Lula, que não liberavam nada para a prefeitura de Salvador, alegavam que tinha problema no orçamento, de documento. Agora, fora do poder, a oposição diz a demora para a liberação do empréstimo do Banco do Brasil é perseguição política”.
Repercussão
João Gualberto (PSDB-BA) faz parte da ala tucana que votou contra o presidente Michel Temer e, na sessão desta quarta, independentemente do resultado, o parlamentar baiano aponta a “vitória do PSDB”, por “mostrar que quem manda no partido são os próprios parlamentares, não o governo”, em clara referência à votação de semana passada no Senado, que devolveu o mandato de Aécio Neves (PSDB-MG).
Também nega ter participado de qualquer tipo de barganha. “Disso quem entende é o PT, que fez junto com o PMDB quando trabalharam juntos”. Ele também descarta retaliação do governo à Bahia por mais uma vez ter mais votos que pediam o prosseguimento da denúncia do presidente no STF.
O deputado Imbassahy (PSDB-BA), ministro do Temer que foi deslocado para votar com o governo, nega a possibilidade do partido na Bahia sofrer retaliação devido ao resultado geral da votação no estado, apesar dele próprio ter votado a favor do presidente. Para Imbassahy, o resultado foi “muito bom” e aponta para um “quadro de estabilidade, com base robusta de Temer”.
Líder do PR, partido que se dividiu entre votos favoráveis e contrários a Temer, o deputado baiano José Rocha garantiu que o partido pleiteará mais recursos para obras em rodovias federais na Bahia e em todo o país. O PR domina a pasta de Transportes.
“Claro que vamos pleitear mais recursos para o ministério, que possa atender as demandas das rodovias, ferrovias e aeroportos. Temos que recompor os recursos para atender a infraestrutura que o país merece”, disse ao término da votação em plenário. À tarde, Rocha rejeitou que a busca por mais recursos se trate de barganha. (As informações do A Tarde)
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