A Polícia Federal faz buscas no apartamento do ex-governador da Bahia e atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaques Wagner (PT), no Corredor da Vitória, em Salvador, na manhã desta segunda-feira (26).
Os policiais chegaram ao condomínio Victory Tower no início da manhã e deixaram o local por volta das 8h25, com uma mochila e um malote. A ação faz parte da Operação Cartão Vermelho, que apura irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão da Arena Fonte Nova, em Salvador. No total, são cumpridos pela PF sete mandados de busca e apreensão.
A obra, segundo laudo da PF, foi superfaturada em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões, e grande parte teria sido desviada para o pagamento de propina e o financiamento de campanhas eleitorais.
A investigação aponta fraude em licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. Conforme apurado, a licitação que culminou com a Parceria Público-Privada (PPP) foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações (FNP), formado pelas empresas Odebrecht e OAS.
O advogado de Wagner, Pablo Domingues, esteve no prédio localizado no Corredor da Vitória, área nobre da capital baiana. Ele disse à reportagem da TV Bahia que ainda está apurando a situação e que foi surpreendido pela operação. O G1 falou com a assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e aguarda posicionamento.
Por meio de comunicado oficial, a Fonte Nova Negócios e Participações (FNP), concessionária responsável pela gestão da Arena Fonte Nova, disse que que "aguarda informações oficiais sobre a Operação Cartão Vermelho, deflagrada pela Polícia Federal, nesta segunda-feira (dia 26/02), mas se coloca à disposição das autoridades para colaborar no que for preciso".
O Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu nota, assinada por Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido, classificando as denúncias como "campanha de perseguição contra o Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças".
Os mandados, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, são cumpridos pela Polícia Federal em órgãos públicos, empresas e endereços residenciais dos envolvidos no esquema criminoso, e têm por objetivo possibilitar a localização e a apreensão de provas complementares dos desvios nas contratações públicas, do pagamento de propinas e da lavagem de dinheiro. Os locais que são alvos de mandados não foram divulgados pela PF.
Jaques Wagner foi governador da Bahia por dois mandatos consecutivos (2007-2014) e deputado federal por três mandatos. No governo Dilma Rousseff, o petista foi ministro da Defesa (2014) e da Casa Civil (2015), e também chefe de gabinete da presidente (2016). No governo Lula, foi ministro do Trabalho (2003) e das Relações Institucionais (2005/2006), além de ter chefiado o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (2004).
Em novembro de 2016, meses após o afastamento de Dilma no processo de impeachment, Wagner voltou à gestão estadual da Bahia como coordenador-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (Codes), estrutura vinculada à Secretaria de Relações Institucionais (Serin).
A portaria com o projeto de concessão para a realização das obras da nova Arena Fonte Nova foi publicada no ano de 2009 pelo governo do estado, chefiado por Jaques Wagner. Conforme documentos divulgados à epoca, a Concessionária Fonte Nova Participações S/A foi contratada em janeiro de 2010 pelo prazo de 35 anos para reconstruir e operar a Arena Multiuso, tendo até 31 de dezembro de 2012 para concluir as obras e iniciar a operação em janeiro de 2013.
Esse prazo sofreu adiamentos, e o estádio foi inaugurado oficialmente, com a presença da então presidente Dilma, no dia 5 de abril de 2013. O equipamento foi, de fato, entregue aos baianos com a realização de um clássico Ba-Vi no dia 7 de abril daquele ano. A implosão do antigo estádio para a construção de uma Arena Multiuso visou entregar à cidade um equipamento para sediar a Copa do Mundo de 2014.
A arena foi implodida em 2010, após ficar interditada desde o dia 25 de novembro de 2007, quando parte da arquibancada cedeu durante um jogo, matando sete torcedores, em uma das maiores tragédias da história do futebol brasileiro.
Em decisão de 2016, o Pleno do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) considerou ilegal o contrato no modelo de PPP que realizou a reconstrução da Arena Fonte Nova. No parecer, os conselheiros do órgão consideraram que houve gastos excedentes nos custos das obras. (As informações do G1)
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