Preocupado em manter o ritmo de sua administração, neste que é um ano eleitoral no qual concorre ao segundo mandato, o governador Rui Costa (PT) está cuidando pessoalmente do desenho da minirreforma de seu governo que, afirmou durante o Carnaval, deve ter início antes do final do mês. A expectativa é a de que ele reúna o Conselho Político ainda esta semana, formado pelos presidentes estaduais das legendas de sua base de apoio (PT, PSD, PDT, PCdoB, PSB, PP, PR, Podemos, Avante, Pros, PSL) para conversar sobre as mudanças e expor seus critérios. Mas já adiantou que deve haver remanejamento de gestores de pastas, para além do acolhimento dos "novatos".
A saída de sete ou oito secretários, que serão candidatos a deputado estadual, federal e até ao Senado, como supostamente é o caso de Jaques Wagner (PT), que ocupa a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, tem de ocorrer, pela legislação eleitoral, até o dia 6 de abril.
Além de Wagner, devem deixar pastas do Executivo estadual mais dois secretários do PT: Josias Gomes (Relações Institucionais) e Carlos Martins (Direitos Humanos e Desenvolvimento Social); a comunista Olívia Santana (Trabalho, Emprego, Renda e Esporte) e o pedetista Vítor Bonfim (Agricultura). Outros candidatos seriam Jusmari Oliveira (Desenvolvimento Urbano), filiada a PSD; Walter Pinheiro, hoje sem partido e à frente da Educação; e Vivaldo Mendonça (Ciência e Tecnologia).
Rui, dizem fontes de sua cozinha, quer que a intervenção seja cirúrgica e calcada em perfis técnicos e, por isso, os substitutos ainda não estão definidos. Contudo, partidos já mapeiam indicações. Um dos focos do governador é o de descolar a 'dança das cadeiras' à composição da chapa. Mas parte de aliados ouvidos por A Tarde acredita que não há como separar as duas coisas.
"Vou começar no final de fevereiro alguma mudança. O prazo é abril, mas não vou deixar para a última hora. Já estou fazendo o desenho que pode, inclusive, afetar outras secretarias (...). Ainda estou avaliando e, a depender do número de saídas, fazer remanejamentos necessários", afirmou o governador no domingo de Carnaval.
Ele completou que nenhum tipo de acordo (para a chapa) se dará em troca de cargos, e mandou recado aos aliados: "O que todo mundo vai querer, quem não está na chapa, é que se tenha um apoio extra, para eleger deputados, principalmente federais". Justificou que, a partir da nova legislação eleitoral aprovada no Congresso, o número de cadeiras na Câmara Federal influenciará financiamento e tempo de TV.
Articulações
Josias Gomes e Carlos Martins, ambos indicados pelo PT, são candidatos a deputado federal. O presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, diz que os substitutos ainda não estão definidos, dependendo, obviamente, de conversa com o governador Rui Costa, maior liderança política da sigla. "Claro que vamos ouvir o governador. Mas, de antemão, o perfil adequado [de substitutos] será aquele que mantiver o nível da administração. A ideia é evitar a descontinuidade. Em relação aos espaços, acredito que sejam mantidos os mesmos para os partidos", sugere.
Nos bastidores o que se comenta é que embora Wagner seja candidato ao Senado, poderia abrir mão da vaga na chapa saindo a federal, caso haja necessidade de abrigar outro aliado. Caso saia ao Senado, o que é mais provável, e seja eleito, a suplência também já estaria sendo negociada, uma vez que Wagner pode ser novamente indicado a secretário ou até a ministro, caso o grupo político do PT vença as eleições para o Planalto. O deputado federal Ronaldo Carletto deixaria o PP de João Leão e migraria para o PR, sendo o 1º suplente de Wagner no Senado.
Há meses Carletto articula sua filiação no PR, para onde levaria pelo menos cinco deputados do PP, entre federais e estaduais. Mas a suplência ao Senado, ajudaria Rui a manter o PR em sua base, já que a sigla vem conversando com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), provável adversário de Rui nas eleições de outubro. O PR estaria querendo, ainda, a porteira fechada do Turismo para permanecer na base de Rui. O PR já tem o secretário de Turismo, José Alves, mas teria interesse na gestão da Bahiatursa, hoje nas mãos de Diogo Medrado, filho do deputado federal Marcos Medrado, do Podemos.
Andréa e Jusmari
A indicação para substituir o pedetista Vítor Bonfim na Agricultura, que também disputará uma vaga na Assembleia Legislativa, deve ser a da chefe de gabinete do secretário, a vereadora licenciada Andrea Mendonça, caso ela, de fato, abra mão de sair candidata a deputada estadual – revela o presidente estadual da sigla, deputado federal Félix Mendonça. No caso de a ex-vereadora querer disputar, outros nomes já estariam mapeados. Felix Mendonça, contudo, preferiu não antecipar.
"Tem conversas internas e conversas com o governo. O PDT espera ter uma participação na chapa majoritária, já que o PDT nacional já indicou meu nome. Essa minirreforma não se dará sozinha, deve estar ligada à chapa", posiciona-se Félix.
Já a secretária Jusmari Oliveira, do Desenvolvimento Urbano, filiada a PSD, um dos partidos mais importantes da base de apoio de Rui, que tem o senador Otto Alencar à frente da presidência, tem – ou pelo menos, tinha – a pretensão de sair candidata a deputada estadual. Nesta última semana, contudo, ela revelou que Rui pediu que ficasse. A secretária ficou de analisar o caso e tem 20 dias para dar a resposta.
Nos bastidores o que se diz é que Rui estaria sondando a secretária para que, caso não saia – e sabe-se que ela tem grande chance de ser eleita –, possa acomodar outro nome na disputa para o Legislativo e, assim, agradar a mais aliados. A Tarde não conseguiu contatar o senador Otto Alencar para comentar o fato. (As informações do A Tarde)
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