quarta-feira, 19 de julho de 2017

COM O NOVO ENSINO MÉDIO, O ALUNO DEVERÁ OPTAR POR ÁREAS DE INTERESSE

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma etapa decisiva para a escolha profissional dos jovens. Após a implantação da reforma do ensino médio, aprovada em fevereiro deste ano, esse passo tão importante poderá ser antecipado, uma vez que os alunos, ao ingressarem no antigo segundo grau, já deverão ter em mente a área de atuação que pretendem seguir. Segundo o MEC, parte do conteúdo do novo ensino médio será dividido em linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas.

Aos 17 anos, o estudante Vinícius Leal Borges da Cruz, que cursa o 3º ano no Colégio Villa Campus, em Salvador, é daqueles que desde muito novos já sabem o que querem ser quando crescer. Às vésperas de prestar o Enem pela terceira vez, o jovem está focado na sua rotina de estudos e espera, em breve, ingressar no curso de Biologia. “Desde pequeno, gosto de estudar os animais. Na época, eu dizia que queria ser cientista. Quando cresci um pouco, descobri que a ciência que estava buscando era a Biologia”, relembra ele.

A consultora profissional Denise Pereira, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Recursos Humanos seção Bahia (ABRH-BA), acredita que, com as mudanças no ensino médio - como a escolha da área de atuação -, as novas gerações poderão se reconhecer como personagens principais das suas vidas. “Vai ser preciso que o aluno assuma o lugar de protagonista”, frisou Denise.

De acordo com ela, essa postura substituirá o modo passivo com que muitos adolescentes encaram a vida. “Eles estão acostumados a esperar que alguém os ensine tudo e mostre o que fazer. Agora, o estudante está sendo colocado numa situação em que precisa fazer suas próprias escolhas”, diz a especialista.

Preparação
Para garantir uma boa nota na prova, Vinícius dedica cerca de quatro horas do dia aos estudos, além do tempo que passa em sala de aula. O adolescente conta as estratégias que adota para se sair bem no exame, que será realizado em novembro: “Além de resolver questões antigas, procuro focar naqueles assuntos que tenho mais dificuldade, sem esquecer de revisar aquilo que eu sei mais”, detalha ele.

Apesar da rotina puxada dedicada aos livros, Vinícius evita os excessos. “Tenho colegas que não fazem outra coisa a não ser estudar. Eu acho que é necessário a gente focar nos nossos objetivos, mas também é importante se divertir, fazer alguma coisa para relaxar, até para evitar o estresse”.

Diferentemente de Vinícius, a estudante Brenda Borges, 16, do Colégio Acesso, em Feira de Santana, mudou de ideia ao longo do ensino médio e hoje conta que tem planos bem diferentes. Ela terminou o ensino fundamental pensando em cursar Engenharia Aeronáutica, mas acabou trocando as ciências exatas por humanas. Brenda, hoje no 3º ano, prestará vestibular para Ciências Sociais.

Ela conta que muitos adolescentes costumam decidir a profissão que querem seguir baseados nas disciplinas que mais gostam. No entanto, ela diz que isso não é suficiente para definir uma carreira. “Somos muito jovens e geralmente temos uma ideia muito superficial das profissões”, afirma a estudante.

Autoconhecimento
Para minimizar as dúvidas, a consultora Denise Pereira ressalta a necessidade de os jovens se questionarem a respeito dos seus interesses pessoais e profissionais. Denise destaca a importância de buscar informações sobre as profissões, desmitificar algumas carreiras e saber se a personalidade de cada jovem dialoga com o trabalho que ele pretende fazer. “É um trabalho de autoconhecimento que deve começar cedo”, diz a especialista.

Essa missão, por sua vez, não deve ficar a cargo somente dos estudantes. A consultora de carreiras Margarida Silva explica que o processo de descoberta das profissões é também de responsabilidade das escolas e dos pais. “A família não deve estimular a criança ou o adolescente a seguir essa ou aquela carreira, mas deve dar um jeito de colocá-los em contato com diferentes áreas do conhecimento para que eles se descubram”, orienta Margarida.

Denise Pereira destaca ainda que as escolas devem promover debates com especialistas, pais e alunos, além de disponibilizar mentores que auxiliem os estudantes a descobrirem seus interesses profissionais. Além disso, a especialista recomenda às escolas a desenvolverem ações que extrapolem os limites da sala de aula e estimulem as diferentes capacidades dos jovens.

“A escola pode criar projetos de pesquisa que envolvam a comunidade, buscar envolver os alunos em trabalhos voluntários e estimulá-los organizar eventos pautados em valores éticos. Isso os
ajudará a refletir antes de tomar qualquer decisão”, finaliza.

Mercado
Os especialistas em carreira destacam ainda que é importante a vocação estar alinhadas com as demandas de mercado. Segundo Margarida Silva, é possível conciliar as aptidões com o que está sendo requisitado. “Isso tudo passa pela autogestão e está relacionado com a forma como a educação nos é passada”, disse.

De acordo com a especialista, as escolas têm papel fundamental nesse processo. “Devem abrir oficinas para que os alunos reflitam sobre as carências do mercado e, com isso, estimulá-los a ajustar as suas habilidades a essas carências. É uma maneira de despertar competências, habilidades e, ao mesmo tempo, atender as demandas”, afirmou. Nessa edição do Enem, as provas serão realizadas em dois finais de semana. (As informações do Correio)

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