terça-feira, 21 de agosto de 2018

IBOP: SEM LULA, BOLSONARO LIDERA CORRIDA PRESIDENCIAL

Sem o ex-presidente Lula, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, aparece na liderança das intenções de voto, segundo a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, que foi divulgada ontem. Bolsonaro tem 20% das intenções no cenário em que Lula, preso em Curitiba, fica fora da disputa. Marina Silva (Rede) aparece logo atrás, com 12%. Ciro Gomes (PDT) é o terceiro, com 9%, e Geraldo Alckmin (PSDB) é o quarto, com 7%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Ibope também traçou um cenário com a participação de Lula. Nesse caso, o ex-presidente aparece na liderança, com 37% das intenções de voto, e Bolsonaro cai para a segunda colocação, com 18%.

Na situação em que o ex-presidente não concorre, o Ibope considera que Fernando Haddad, candidato a vice na chapa petista, assume a cabeça de chapa do PT. Neste caso, Haddad tem 4% das intenções de voto, segundo os números do Ibope.

Início da campanha
Esta é a primeira pesquisa realizada pelo Ibope após o ínicio oficial da campanha, na última semana. Os levantamentos anteriores incluíam mais candidatos, como Manuela D'Ávila (PCdoB), que retirou sua candidatura para ficar como vice numa eventual chapa de Haddad, caso Lula não concorra.

Os eleitores foram questionados a respeito da possibilidade de Lula ser impedido de disputar a eleição e declarar o seu apoio a Fernando Haddad. Nesse caso, 60% dos brasileiros afirmaram que não votariam no candidato de jeito nenhum. Outros 14% avaliaram a possibilidade de votar nele, enquanto outros 13% disseram que com certeza votariam no candidato. Os que disseram não conhecer Haddad o suficiente para opinar somaram 7%, enquanto os que não responderam atingiram 5% do eleitorado.

Lula foi condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso relacionado ao triplex do Guarujá, e está preso em Curitiba. O registro de candidatura de Lula será julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o relator será o ministro Luís Roberto Barroso.

Jair Bolsonaro lidera a pesquisa no que diz respeito à rejeição, com 37% das respostas para a pergunta: “Em quem não votaria de jeito nenhum?”. O segundo lugar ficou para Lula, com 30%, seguido por Alckmin (25%), Marina (23%), Ciro (21%), Haddad (16%), Meirelles (13%) e Cabo Daciolo (12%). Empatados com 11%, aparecem Boulos, Eymael e Alvaro Dias. João Amoedo, João Goular Filho e Vera Lúcia têm 10%, cada.

O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 17 e 19 de agosto. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR-01665/2018. Os contratantes foram o jornal Estado de S. Paulo e a TV Globo.

Inelegibilidade
O Ministério Público Eleitoral (MPE) voltou a se manifestar, ontem, sobre a situação da candidatura do ex-presidente. O parecer é assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral Humberto Jacques de Medeiros, que cita a Lei da Ficha Limpa. O documento foi anexado no processo do pedido de registro de candidatura em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No mesmo processo, a procuradora-geral da República e procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, já tinha pedido, na semana passada, que Lula fosse barrado da disputa presidencial deste ano. Também solicitaram a mesma coisa o Partido Novo e o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Outras quatro pessoas, entre elas Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre (MBL), e o ator Alexandre Frota, também já tinham contestado a candidatura de Lula, mas em processos à parte. Esses casos eram relatados inicialmente pelo ministro Admar Gonzaga, mas depois foram encaminhados também para Barroso.

O novo parecer do MPE foi feito em concordância com esses quatro pedidos. O vice-procurador-geral eleitoral destacou que Lula já foi condenado por um órgão colegiado, o que o enquadra na Lei da Ficha Limpa.

Além dos três pedidos feito no registro de candidatura e dos quatro que trocaram de relator, já houve mais três novas contestações à candidatura de Lula no TSE, totalizando dez. Fernando Haddad afirmou, ontem, que o PT vai continuar tentando garantir que o ex-presidente esteja presente nos eventos de campanha, como os debates eleitorais.

Noticiário político faz o dólar disparar
A combinação entre cautela e especulação levou o dólar a galgar novo patamar ontem, atingindo o seu maior valor em quase dois anos e meio. A escalada ocorreu em meio à liquidez bastante reduzida, com investidores repercutindo o quadro eleitoral adverso. O dólar negociado no mercado à vista terminou o dia com alta de 1,10%, cotado a R$ 3,9571. É o maior valor da moeda americana desde 29 de fevereiro de 2016 (R$ 3,9984). Na máxima do dia, a cotação chegou aos R$ 3,97, o que trouxe às mesas de negociação rumores de uma possível intervenção do Banco Central.

“Os rumores de intervenção do BC surgem naturalmente, uma vez que a própria autoridade monetária é quem afirma que deixará o dólar flutuar, mas poderá atuar toda vez que perceber distorção nos preços”, disse Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti

O profissional afirma que alguns investidores tiveram de dar ordens de “stop loss” (interrupção de perdas) após a divulgação da pesquisa MDA/CNT, divulgada pela manhã. Em linhas gerais, o levantamento mostrou pouca alteração no quadro já conhecido, com Lula e Bolsonaro liderando as intenções de voto. O desconforto veio da constatação da estagnação do candidato afinado com o mercado, o tucano Geraldo Alckmin, enquanto o petista Fernando Haddad desponta como maior herdeiro dos votos de Lula. Assim, desenhou-se no mercado a ideia mais firme de um segundo turno formado por Bolsonaro e Haddad.

Apesar de ser o destinatário da maior parte dos votos, Haddad aparece com apenas 17,1% das intenções de votos destinadas a Lula. No período da tarde, a expectativa de que a pesquisa Ibope confirmasse o cenário de domínio de Lula e Bolsonaro manteve o clima de cautela no período da tarde, levando o dólar a renovar máximas nesse período.

Amanhã será a vez do Datafolha divulgar pesquisa de intenção de voto. Segundo analistas, os levantamentos feitos por institutos maiores têm potencial para acalmar o mercado ou elevar ainda mais a tensão nos negócios ao longo da semana.

Menos de 3% da população aprova o governo Temer
O governo Michel Temer (MDB) foi apontado como bom ou ótimo por 2,7% dos entrevistados na pesquisa CNT/MDA divulgada ontem. Avaliaram negativamente a administração do emedebista 78,3% e disseram que a gestão é regular, 17,7%. O desempenho pessoal de Temer foi desaprovado por 89,6% dos pesquisados.

A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 18 de agosto de 2018 e ouviu 2.002 pessoas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança. Pesquisas de opinião têm apontado o governo Temer como o mais impopular da história.

A reprovação ao emedebista cresceu na comparação entre a pesquisa divulgada ontem e outra, realizada no último mês de maio pelo mesmo instituto de pesquisa. Naquele mês, 71% disseram que o governo era ruim ou péssimo e 4% que era bom ou ótimo.

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