quinta-feira, 31 de maio de 2018

PIB CRESCE 0,4% NO 1º TRIMESTRE E VOLTA AO PATAMAR PRÉ-CRISE

Com alta de 0,4% no primeiro trimestre de 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) se igualou ao alcançado no primeiro trimestre de 2014. Ao comentar o desempenho da economia brasileira, a gerente de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Claudia Dionísio, foi ainda mais longe no tempo. “Se fôssemos comparar, hoje estaríamos no patamar do primeiro semestre de 2011”, explicou.

A pesquisadora acrescentou que a economia havia avançado até 2014 e, nos anos de crise, retrocedeu até números de 2010, patamar a partir do qual a economia tem avançado desde o início de 2017. “Esse resultado de 0,4%, que não chega nem a ser crescimento, é bem próximo do resultado do trimestre anterior, por isso permanece o mesmo patamar”, completou a coordenadora da pesquisa, Rebeca Palis.

O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas no país e leva em conta o consumo das famílias, consumo do governo, investimentos e exportações, diminuídos do valor das importações no período. Em valores correntes, o PIB do primeiro trimestre foi de R$ 1,6 trilhão.

Em relação ao mesmo trimestre de 2017, no entanto, os resultados são mais animadores. O PIB cresceu 1,2% nos primeiros três meses deste ano. Mas a retomada do crescimento ainda é considerada lenta, já que mostra uma desaceleração em relação ao quarto trimestre de 2017, que avançou 2,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Um levantamento do Ibre/FGV realizado ainda no ano passado apontou que a economia brasileira pode levar até 11 trimestres (quase 3 anos) para recuperar as perdas do período de recessão.

Novos prejuízos
E se o resultado do primeiro trimestre mostra um PIB que cresce a passos lentos, imagina quando o próximo trimestre contabilizar os prejuízos bilionários provocados pela greve dos caminhoneiros em praticamente todos os setores da economia. “Óbvio que pega a economia toda, existe um efeito em cadeia aí, mas não é imediato”, disse Palis.

Esse é, inclusive, um dos motivos que dão impulso às revisões nas projeções para o crescimento econômico de 2018. Economistas esperam, na média, alta de 2,0% no Produto Interno Bruto deste ano. Consultorias como a Austin Rating, Bradesco, Ibre/FGV, Tendências, Itaú, entre outras, já revisaram para baixo suas projeções para 2018. A MB Associados, por exemplo, previa 3,5% e baixou para 1,9%.

Na semana passada, o próprio governo reduziu de 2,97% para 2,5% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018. Já a média dos analistas do mercado financeiro baixou a previsão de alta do PIB para o ano de 2,50% para 2,37%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Há quem não descarte recuo no segundo trimestre e crescimento na faixa de 1,0% neste ano. Para a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional e professora da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, o crescimento deverá ficar ao redor de 1,5% em 2018. “É difícil imaginar que a economia vá a algum lugar nesses meses até as eleições”, afirmou a pesquisadora.

Segundo ela, o quadro retratado no PIB do primeiro trimestre já mostrava indicadores “andando de lado”. Tanto a indústria quanto os serviços cresceram apenas 0,1% em comparação aos três últimos meses do ano passado. Com alta de 0,6% na mesma comparação, abaixo dos 2,1% no quarto sobre o terceiro trimestres do ano passado, os investimentos “não pegaram”. “Não tinha de onde vir impulso para 2018. Em 2017, tivemos a safra recorde, a liberação do FGTS e a queda da inflação, que não se repetem (este ano)”.

Setores
Ainda assim, o crescimento em relação ao final do ano passado foi o quinto resultado positivo consecutivo. O setor da economia que mais avançou foi a agropecuária, com uma alta de 1,4%. A indústria e o setor de serviços ficaram perto da estabilidade, com variação positiva de 0,1%.

A gerente de contas nacionais do IBGE ponderou que o crescimento da agropecuária no primeiro trimestre foi impulsionado pela safra da soja, enquanto no quarto trimestre o destaque do setor era a cana-de-açúcar, que, além de ter menor peso na economia, teve um desempenho abaixo do esperado. “Pela ótica da produção, a agropecuária foi quem mais favoreceu o crescimento de 0,4%”.

Pela ótica da despesa, o primeiro trimestre teve alta no consumo das famílias (0,5%) e na formação bruta de capital fixo (0,6%), que mede os investimentos. Comparado com os mesmos meses de 2017, o consumo das famílias aumentou 2,8% e os investimentos tiveram alta de 3,5%. (As informações do Correio)

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