Diante da suposta onda de mensagens contra o PT financiadas por empresas, o articulador político da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência, Jaques Wagner, disse que é preciso aguardar uma investigação para falar em anular a eleição.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse nesta quinta-feira, 18, que o partido está preparando uma peça jurídica com a qual irá pedir o cancelamento ou a nulidade das eleições presidenciais de 2018.
"Vamos esperar a investigação que é melhor", comentou Wagner, sobre a posição do PDT. O senador eleito pela Bahia reforçou que a onda de mensagens representa crime eleitoral e precisa ser investigada pela Polícia Federal.
PDT parte pra cima
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse nesta quinta-feira, 18, que o partido está preparando uma peça jurídica com a qual irá pedir o cancelamento ou a nulidade das eleições presidenciais de 2018. As justificativas são as denúncias de que empresas financiaram uma campanha contra o PT, de Fernando Haddad, pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
Os argumentos do pedido ainda estão sendo preparados pelos advogados da legenda, que devem endereçar a solicitação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta quinta-feira, informa que empresas bancaram, com contratos de R$ 12 milhões, serviços de disparos de mensagens no WhatsApp contra os petistas, favorecendo Jair Bolsonaro (PSL).
Denúncia
As eleições de 2018 estão marcadas pelas discussões nas redes sociais. Uma reportagem da Folha de S. Paulo mostra que empresas compraram pacotes de disparos de mensagens em massa contra o PT. E que essa difusão deve ser intensificada na semana anterior ao segundo turno.
De acordo com a reportagem, a prática se configura como doação de campanha por empresas, que é vedada pela legislação eleitoral. Cada contrato chega a R$ 12 milhões. Entre empresas está a Havan, do empresário Luciano Hang, que apareceu em um vídeo dizendo aos funcionários que eles deveriam votar no candidato Jair Bolsonaro (PSL).
As empresas que apoiam Bolsonaro compram o serviço de disparo em massa, usando a base de dados do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. A venda de dados também é ilegal, porque a lei eleitoral permite apenas que sejam usadas as listas de apoiadores do próprio candidato, com números cedidos de forma voluntária.
Segundo a reportagem, oferecem este tipo de serviço a Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market. Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo para a base própria do candidato, e de R$ 0,30 a R$ 0,40, quando a base é da agência. As empresas citadas afirmaram à Folha que não podiam aceitar pedidos antes do dia 28 de outubro (data do segundo turno) porque têm serviço enormes de disparos de WhatsApp, na semana anterior às eleições.
Empresas
O dono da Havan - que recentemente inaugurou uma loja em Vitória da Conquista - , Luciano Hang, disse à Folha que não precisava pagar pelo disparo de mensagens. "Não temos essa necessidade. Fiz uma 'live' aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza", afirmou à reportagem.
Já o dono da QuickMobile, Peterson Rosa, afirma que a empresa não está atuando na política nestas eleições. Richard Papadimitriou, da Yacows, afirmou que não iria se manifestar sobre o assunto e a SMS Market não respondeu ao jornal.
Na prestação de contas de Jair Bolsonaro aparece apenas a a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, que recebeu R$ 115 mil para mídias digitais. Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da empresa, informou que tem apenas 20 pessoas trabalhando na campanha.
"Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicamente", diz.
Ainda segundo ele, o WhatsApp é usado apenas para denúncias de fake news, listas de transmissão e grupos chamados de comitês de conteúdo. No entanto, a apuração da Folha mostrou que uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é é a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.
Com esses números, os funcionários administram grupos ou participam deles, e conseguem escapar dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp —o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.
Apesar disso, segundo a reportagem, não há indício de que a AM4 tenha fechado contratos para disparo em massa. Não há uma estimativa de quantas pessoas trabalham nos grupos de WhatsApp anti-PT e podem variar de 20 mil a 300 mil.
PT cobra que TSE investigue
Reagindo à manchete da edição desta quinta-feira, 18, do jornal Folha de S.Paulo, que revela empresas bancando o disparo de mensagens contra o PT pelas redes sociais, o partido emitiu uma nota cobrando um posicionamento da Justiça Eleitoral. Para a legenda, a prática configura crime de caixa dois por parte da campanha de Jair Bolsonaro (PSL).
"É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune", diz a nota assinada pela Executiva do PT, que pediu na Quarta-feira (17) à Polícia Federal uma investigação sobre a disseminação de supostas notícias falsas pela campanha de Bolsonaro.
O partido diz que está tomando todas as medidas judiciais para que Bolsonaro responda "por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha."
A legenda do presidenciável Fernando Haddad pretende entrar ainda nesta quinta-feira com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir providências.
PT também foi acusado
Em agosto, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), candidato ao quarto mandato, foi parar nos Tending Topics do Twitter. Diante de uma série de posts nas redes sociais exaltando a sua gestão, internautas passaram a acusá-lo de pagar uma agência de "influenciadores digitais", para divulgar mensagens positivas a seu respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular.
O caso, chamado de Mensalinho do Twitter, transformou Dias e o Piauí em alvos de memes. Internautas que teriam sido contratados pela agência disseram que a ação em favor de Dias era a "ponta do iceberg" e envolveria outros políticos do PT e pautas de interesse do partido. (As informações do Estadão)
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