As críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à articulação política do governo para a votação da reforma da Previdência ganhou o apoio de líderes do Centrão, que já estavam irritados com o Palácio do Planalto. Deputados disseram ontem que vão recusar a oferta de cargos nos Estados e preparam novas derrotas para o Executivo semana que vem.
Nessa linha, o primeiro enfrentamento deve acontecer na próxima terça-feira, durante sabatina do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Deputados do bloco encabeçado por PP, PR, PTB e PRB avisaram a representantes do governo na Casa que pretendem abandonar a sessão, abrindo espaço para a oposição sabatinar o ministro responsável pela proposta da reforma da Previdência.
Parlamentares também buscam apoio para derrubar a isenção de visto para americanos, anunciada nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro durante viagem a Washington. A ideia ganhou força durante a semana e chegou a ser levada a Maia. Ele, no entanto, pediu aos deputados para esperarem alguns dias para que o clima pesado visto no Congresso pudesse diminuir, o que não ocorreu.
A gota d'água, segundo parlamentares, foi a declaração de Bolsonaro em uma live direto do Chile, em que atribuiu a prisão de Michel Temer à "sintonia fina" que o ex-presidente mantinha com o Congresso.
O deputado Domingos Neto (PSD) resumiu a insatisfação ao afirmar que o governo não pode ter uma atitude nas redes sociais e outra ao sentar para conversar. "As negociações estão paralisadas. Enquanto o governo não mudar a forma de articular, não há acordo", afirmou.
Em um movimento orquestrado, coordenadores das bancadas regionais comunicaram a suspensão das negociações por cargos no governo. As conversas vinham se arrastando nas últimas duas semanas. "Toda a bancada está pronta para ajudar o governo, mas o governo precisa se ajudar, porque está muito bagunçado. Hoje, no Congresso, é preocupante a situação que está a interlocução", disse Neri Geller (PP-MT).
Reação
Articuladores políticos do governo tentavam atuar como "bombeiros" na crise. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, buscou deputados do PSL para organizar o discurso. Já a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), tentou apaziguar o clima ruim entre Maia e o governo. "Nós estamos em um ponto de reatar a relação", disse ela, após se encontrar com o presidente da Câmara. Joice e Onyx buscam agendar um encontro entre Maia e Bolsonaro para este fim de semana.
Maia deixou claro a sua insatisfação com o comportamento nas redes sociais de pessoas ligadas ao presidente. Entre elas, o filho Carlos Bolsonaro e o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, que postaram declarações contra a "velha política".
Até mesmo o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-SP), entrou no circuito para apaziguar os ânimos. Pelo Twitter, fez um aceno a Maia. "O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de combate ao crime. Assim como nós, está engajado em fazer o Brasil dar certo!". (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)
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