O que faltava para a antecipação das eleições no Vitória e o fim da presidência de Ricardo David já não falta mais. Diretoria e Conselho Deliberativo se mobilizam para chegar a um entendimento e realizar eleições gerais – não só à presidência, mas para todos os órgãos do clube – em maio.
A crise esportiva, financeira e política em que o Leão se encontra neste início de ano fez com o que o presidente e o vice, Francisco Salles, entendessem de que é necessária a troca de comando no clube – só que de forma negociada.
Os mandatos da atual diretoria e do Conselho Deliberativo vão até dezembro. Segundo o estatuto, as eleições para substituí-los para o triênio de 2020 a 2022 deveriam acontecer em setembro.
A gota d’água para a decisão de David e Salles foi a eliminação na 1ª fase da Copa do Brasil para o Moto Club, em 13 de fevereiro. Ali, começaram as conversas para estancar a sangria. A diretoria já se encontrava inviabilizada desde janeiro, depois que três propostas de orçamento foram rejeitadas pelo Deliberativo.
Coincidentemente ou não, a conversa iniciou na mesma semana em que Robinson Almeida assumiu a presidência do Deliberativo após a renúncia de Paulo Catharino. O novo mandatário recebeu bem a ideia e a apoiou.
As derrotas para o Atlético de Alagoinhas, de virada, no último dia 27, e para o Botafogo-PB, na última quinta-feira (7), fizeram com que as conversas viessem à tona por meio de Salles.
“Queremos fazer a transição de forma negociada. Estamos conversando com todos os grupos políticos para antecipar as eleições gerais”, disse o vice-presidente após a derrota para o Botafogo-PB.
Novos elementos
Um novo e importante elemento abriu caminho para que presidente e vice aceitassem passar seus cargos. Ambos conseguiram, em fevereiro, recuperar bens pessoais que haviam colocado como garantia para que o Vitória obtivesse um empréstimo no início do ano e assim pagasse dívidas com o elenco profissional e com funcionários.
Como antecipar as eleições gerais não é um processo previsto no estatuto, será preciso um entendimento de todas as partes para que nenhum sócio procure a Justiça. A partir do convencimento geral, o presidente do Conselho Deliberativo espera convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de sócios para aprovar a medida.
“Tem-se que aprovar e colocar essa eleição extraordinária no estatuto, para ter segurança jurídica, e ainda definir qual seria o mandato da diretoria que tomaria posse em maio, porque o estatuto diz três anos. E esses sete meses restantes, seriam incorporados?”, explicou Almeida.
O presidente do conselho convocou uma reunião do órgão para a próxima sexta-feira (15). Nela, tentará fechar questão sobre a anuência dos conselheiros à antecipação das eleições e o fim de seus mandatos.
Vários conselheiros já se colocaram contra a antecipação das eleições. Alguns defendem que seja aprovado antes um estatuto, desenvolvido ao longo do mandato, e que está com minuta pronta.
“Espero que a gente tenha condições de aprovar já no dia 15, porque a crise é grande e há urgência de tomar uma providência. Tenho tido conversas com sócios todos os dias, em busca da união do clube”, afirmou Almeida.
E se não acontecer?
Caso a proposta das eleições antecipadas não passe, Salles prometeu entregar o cargo, isolando mais David e aumentando a pressão para a sua renúncia.
Se o presidente também renunciar, terá que ser seguido o rito previsto no estatuto: o Conselho Deliberativo convoca eleições somente para a presidência, a serem realizadas em até dez dias.
O presidente eleito teria um mandato tampão somente até dezembro deste ano, e uma outra eleição, em setembro, escolheria o presidente para o triênio de 2020 a 2022.
As partes acreditam que isso prejudicaria o clube. “Imagine nessa crise termos duas eleições? Entendo que essa solução que buscamos preservaria o Vitória, pois daria estabilidade política aos eleitos para tocar o mandato e assumiriam antes do início da Série B, com condições de tocar o planejamento do futebol”, acredita Almeida.
CRONOLOGIA DA CRISE
Vitória é rebaixado à Série B com dívidas - Em dezembro de 2018, o Leão é rebaixado como o penúltimo colocado da Série A. Além da redução das receitas por conta da queda, o clube fecha o ano devendo salários a jogadores e funcionários. Para solucionar os problemas, dirigentes contraem um empréstimo bancário.
Dois orçamentos do clube reprovados - Ricardo David apresenta um orçamento de R$ 70 milhões em dezembro, reprovado pelo Conselho Deliberativo. Em janeiro, outra proposta, de R$ 56 milhões, é reprovada. Por fim, o conselho autoriza um orçamento de R$ 45 milhões, a contragosto da diretoria.
Eliminação na 1ª fase da copa do brasil - No dia 13 de fevereiro, o Leão é eliminado pelo Moto Club e cai precocemente da competição mais lucrativa da temporada. A saída prejudica as finanças já combalidas do Vitória, que almejava arrecadar R$ 4,5 milhões com a Copa do Brasil – ou 10% do orçamento do ano.
Inicia conversa para antecipar eleições - Ricardo David e Francisco Salles entendem que é preciso passar o cargo adiante e buscam uma transição negociada junto ao novo presidente do Conselho Deliberativo, Robinson Almeida. Dirigentes conseguem retirar garantias pessoais colocadas para contrair o empréstimo.
Derrotas em casa e reunião convocada - Crise em campo se agrava com as derrotas para o Atlético-BA e Botafogo-PB. Francisco Salles revela conversas para antecipar eleições e intenção de deixar a diretoria. Robinson Almeida convoca reunião do Conselho Deliberativo para aprovar a convocação da assembleia. (As informações do Correio)
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