terça-feira, 28 de julho de 2015

COM LAVA JATO, PAPÉIS DA BRASKEM CAEM 10% E LIDERAM PERDAS NA BOLSA

A petroquímica Braskem liderou as perdas do Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, no pregão de segunda-feira, 27, refletindo denúncia feita na sexta-feira pelo Ministério Público Federal do Paraná, que está à frente das investigações da operação Lava Jato, sobre subfaturamento de contratos de fornecimento de nafta à empresa, com prejuízos à Petrobras. Os papéis PNA da companhia caíram 10,54%, para R$ 10,78, e acumulam perdas de cerca de 30% desde o início do ano.

A operação Lava Jato tem afetado diretamente a Braskem, empresa que tem seus principais acionistas no centro das investigações. O grupo Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, está preso desde o dia 19 de junho, detém 38,3% da companhia; a Petrobras tem 36,1%. A única empresa de capital aberto da Odebrecht viu seu valor de mercado cair de R$ 10,9 bilhões para R$ 7,56 bilhões. O MPF-PR denuncia a Braskem de provocar prejuízo de quase R$ 6 bilhões à Petrobras pela "contratação viciada e subfaturada de nafta" de 2009 a 2014, com pagamento de propina a Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da estatal) e a agentes públicos e privados ligados a ele. A Procuradoria defende o ressarcimento da Petrobras pela Braskem.

Além de acionista da petroquímica, a Petrobras é a maior fornecedora da empresa, já que a nafta é a principal matéria-prima da companhia. O contrato, assinado em 2009, previa um valor de referência entre 92,5% e 105% da cotação internacional (ARA). Segundo o procurador Roberson Pozzobon, do MPF, o prejuízo da Petrobras ocorreu porque a empresa "se viu compelida a importar nafta por um preço de 104% de ARA, para vendê-la à Braskem por 92,5% do ARA" por cinco anos. A Braskem explicou, em nota, que a venda da nafta pelo preço estabelecido era a melhor condição tanto para a Petrobras quanto para a Braskem porque eliminava custos logísticos de importação e exportação. A empresa cita depoimentos de executivos da Petrobras que afirmam que valores de 91% a 93% do ARA não gerariam prejuízo contábil à empresa.

A petroquímica afirmou também "que não faz nenhum sentido falar em R$ 6 bilhões de prejuízo à Petrobrás". Segundo a companhia, a Petrobras decidiu "unilateralmente importar nafta para atender o setor industrial", já que decidiu usar a nafta nacional para produzir gasolina a partir de 2010, para atender à alta da demanda pelo combustível automotivo.

Em relatório, analistas do banco BTG Pactual afirmam que, mesmo sem entender como o cálculo foi feito, "os investidores vão naturalmente começar a usar esse número (R$ 6 bilhões) como referência". Já o Credit Suisse avalia o impacto de uma eventual multa bilionária à petroquímica. O banco diz que a Braskem tem R$ 5 bilhões em caixa e R$ 3 bilhões em linhas de crédito "stand-by". Para o consultor João Luiz Zuñeda, da Maxiquim, a Braskem tem bons fundamentos econômicos. Ele lembra que a empresa está para abrir um projeto novo no México, de mais de US$ 5 bilhões, e tem ativos importantes nos EUA e no Brasil. (As informações do Estadão)

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