quinta-feira, 30 de julho de 2015

BANCO CENTRAL ELEVA TAXA DE JUROS PELA 7ª VEZ SEGUIDA, PARA 14,25% AO ANO

O Banco Central elevou nesta quarta-feira, 29, a taxa básica de juros, Selic, de 13,75% para 14,25% ao ano, o maior nível desde agosto de 2006, confirmando a expectativa majoritária do mercado financeiro. Foi a sétima elevação consecutiva dos juros básicos. Numa ação inédita, um membro do Comitê de Política Monetária (Copom) deixou de participar da decisão do colegiado sobre a taxa de juros.

A decisão revela que a alta recente do dólar e o abandono da meta de economia que o governo faz para pagar juros da dívida falaram mais alto do que a recessão que o País enfrenta na hora de o Banco Central tomar sua decisão sobre o rumo dos juros. A decisão foi unânime dentro do colegiado. A última vez que não houve consenso entre os diretores foi na reunião de outubro do ano passado, quando o BC engatou a segunda parte do ciclo de aumento dos juros, iniciado em abril de 2013.

Desde então, a taxa básica praticamente dobrou de tamanho, já que subiu de 7,25% para 7,50% ao ano naquele momento. O comunicado que se seguiu à decisão foi muito parecido com os últimos quatro. Desde janeiro, o BC justifica os aumentos levando em conta a avaliação do “cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”. Desta vez, os diretores acrescentaram também o “balanço de riscos”, que pode estar relacionado com a mudança da meta fiscal promovida pelo Ministério da Fazenda.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, avaliou que a mudança no comunicado sinaliza que a instituição deve manter os juros nessa faixa até pelo menos o primeiro trimestre do ano que vem. “Ainda estou com cenário de mais uma alta de 0,25 ponto porcentual, encerrando o ciclo de alta dos juros em 14,5% ao ano”, afirmou. “Eles devem esperar o primeiro trimestre para começar a cortar. Até lá, é mais provável que a inflação comece a ceder”, disse o economista, que estima uma Selic de 11,25% ao ano no fim de 2016.

O aumento era amplamente aguardado pelo mercado financeiro, ainda que uma corrente minoritária apostasse em uma redução do ritmo, para 0,25 ponto porcentual, justamente por causa da economia debilitada. Essa percepção chegou a ser alimentada pelo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, ao longo de julho. Em conversas reservadas com alguns agentes do setor privado, ele teria relatado a surpresa da autoridade monetária com a anemia da atividade. Nesta quarta, Volpon absteve-se de participar da reunião 'a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do BC'. Para Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria, o BC deu um 'sinal claro' ontem. “O comunicado sinaliza que o BC vai sustentar a Selic neste patamar pelos próximos meses”, afirmou. (As informações do Estadão)

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