O Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Muniz (Lacen-BA) emitiu um alerta epidemiológico de raiva animal após a confirmação de três casos de raiva em animais desde novembro na Bahia. De acordo com o alerta, as ocorrências em Feira de Santana, no Centro-Norte do estado, e em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), comprovadas esta semana, envolveram dois cachorros.
A situação em Feira de Santana envolveu até uma criança, que chegou a ser mordida pelo animal, mas não contraiu a doença. Já em Catu, no Recôncavo do estado, houve o caso de um gato contaminado com o vírus da raiva e confirmado em novembro. Mesmo assim, apesar dessas ocorrências, a diretora do Lacen, Zuinara Maia, reforçou que não há nenhuma suspeita de raiva em humanos na Bahia.
“Não temos nenhum caso humano. Teve um cachorro positivo e, assim que o resultado saiu, tanto o município quanto a vigilância epidemiológica foram acionados para o bloqueio vacinal na área”, explicou Zuinara, ao CORREIO, nesta sexta-feira (15). De acordo com ela, se houver algum incidente com animal que não se sabe se foi vacinado ou não, é preciso entrar com o protocolo de exposição, que é a vacina e o soro antirrábicos.
Inclusive, profissionais que estiverem expostos ao contato com esses animais devem ser vacinados e monitorar a imunidade periodicamente, através de exames de sangue. No caso dos animais cuja raiva foi confirmada, uma das possibilidades é de que tenham sido mordidos por algum morcego que tinha a doença.
Morcegos
Tanto em Lauro de Freitas, quanto em Feira de Santana, há registro histórico de raiva em animais silvestres – como morcegos. Em novembro, também chegaram ao Lacen três morcegos para teste de raiva – dois de Feira de Santana (um no dia 8, outro no dia 13) e um de Lauro de Freitas (no dia 28).
Eles já passaram pelo exame da imunofluorescência, que analisa o cérebro do animal. Os resultados, que ficam prontos em até 48 horas, foram negativos para a doença. No entanto, os morcegos aguardam os resultados do segundo exame – a prova biológica, que inocula o vírus em seis camundongos. Esses animais ficam isolados de outros e seguem em observação para ver se manifestam algum sintoma.
“O que não é comum é ter um animal doméstico com raiva (caso de cães e gatos). Por conta dessa identificação animal, a gente percebe que houve falha no processo de prevenção, que é a vacinação, ou os donos não vacinaram. E são animais que circulam em ambientes externos”, diz.
De acordo com ela, vacinar pelo menos 80% dos cães e gatos anualmente pode garantir um bloqueio efetivo da doença, evitando que o vírus alcance a população. Segundo o alerta, logo após a confirmação de um caso de raiva em animais domésticos, cabe à secretaria de saúde local: realizar busca ativa no local do foco para detectar possíveis animais suspeitos, avaliar a necessidade de encaminhar pessoas à vacinação e orientar a população.
Diagnóstico
Se houver alguma morte de animal doméstico ou de morcegos, uma amostra deve ser encaminhada ao Lacen. Caso não seja possível fazer a coleta do material, é possível enviar a cabeça ou o animal inteiro, se for de pequeno porte. Todo o material deve ser coletado por um profissional especializado, que esteja habilitado e imunizado, seguindo as regras de biossegurança.
O material para diagnóstico deve ser acondicionado em um saco plástico duplo, vedado hermeticamente, identificado de forma legível. Depois que a amostra for embalada e identificada, deverá ser colocada em uma caixa de isopor com gelo suficiente para que chegue conservada ao seu destino. “A raiva é uma doença de emergência em saúde pública. Quando identificamos o animal com raiva, fazemos todo o movimento em conjunto – estado e município – para evitar que haja algum caso humano”
Histórico no estado
O último caso de morte por raiva humana registrada no estado ocorreu, segundo a diretora do Lacen, no dia 6 de março deste ano em Salvador. A vítima foi um lavrador de 46 anos, morador do município de Paramirim, no Centro-Sul, que morreu no Hospital Couto Maia depois de pisar em um morcego contaminado. Segundo ela, ela procurou atendimento cinco dias depois do contato com o animal. Antes disso, a última morte havia sido em julho de 2004.
"O óbito depende muito do servço de saúde prestado. O protocolo é de quase 100% de êxito, porque você foi exposto ao vírus, mas ele ainda não causou a doença", explica Zuinara. Em nota, o Ministério da Saúde informou que, em 2016, houve dois casos de raiva humana registrados no país, nos estados de Roraima e Ceará. Neste ano, até o momento, foram cinco casos, sendo um em Pernambuco, um em Tocantins, um na Bahia e dois no Amazonas.
Ainda segundo a pasta, municípios com registro de raiva canina são considerados como área de risco. O ministério informou que, neste ano, 1,3 milhão de vacinas antirrábicas foram distribuídas no país, sendo 137 mil para a Bahia. (As informações do Correio)
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