A delação premiada da Odebrecht não explica cerca de 600 codinomes de destinatários de propinas e repasses ilegais registrados nas planilhas do setor de operações ilícitas da empreiteira. De acordo com levantamento realizado pela Folha de S. Paulo, apenas os 20 beneficiários não identificados somam mais de R$ 100 milhões recebidos. Os documentos não explicam também a presença de políticos como o presidente da República, Michel Temer (MDB-SP), o do pré-candidato ao Palácio do Planalto Ciro Gomes (PDT-CE) e o vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB-SP), na planilha intitulada "tradução", já que não há informações sobre repasses ligados a seus apelidos.
O levantamento analisou aproximadamente 2,3 mil listas de pagamentos relacionadas à construtora disponibilizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As planilhas contabilizam, além de subornos, transferências de recursos para pagamento de bônus para altos executivos da companhia, que seriam executados com sonegação de impostos. O maior número de pagamentos observado no material está relacionado ao codinome "conterraneo": 103 transferências, com total de R$ 13,7 milhões. O valor foi dividido em repasses iguais de R$ 125 mil, com exceção de um no montante de R$ 1 milhão. As operações aconteceram entre novembro de 2013 e agosto de 2014.
O próximo nome entre os maiores recebedores é "eao", com montante de R$ 7,6 milhões entre 2008 e 2010, divididos em nove repasses. Apesar de não ter sido explicada na delação da empreiteira, a alcunha foi vinculada por uma ex-funcionária do departamento de repasses ilegais às iniciais do acionista e ex-número um do grupo, Emílio Alves Odebrecht. Há ainda o codinome "torrada", que recebeu R$ 5,6 milhões em 14 repasses realizados em 2009, 2010 e 2014. (As informações do Estadão)
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