O embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Pereira, será declarado persona non grata pela Assembleia Nacional Constituinte do país, informou ontem presidente do órgão, Delcy Rodríguez, à imprensa local. Além de Pereira, o encarregado de negócios do Canadá no país sulamericano, Craib Kowalik, também não foi considerado bem-vindo na Venezuela.
A ex-chanceler argumentou que, no caso brasileiro, a medida será mantida “até que se restitua o fio constitucional que o governo feriu” no Brasil. O Canadá foi incluído “por sua permanente, insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela”.
“Persistentemente fazem declarações, fazem uso do Twitter para querer dar ordens à Venezuela”, acrescentou sobre a diplomacia canadense no país a presidente da Assembleia Constituinte, órgão formado apenas por chavistas e que atualmente controla o poder no país. Ela comentou que nos dois casos, a chancelaria venezuelana “fará e tramitará o conducente” para que seja iniciado o processo de persona non grata.
O anúncio foi feito ao final de uma resposta na qual ela avaliou a aprovação, no Brasil, da legislação que estabelece uma cláusula de barreira para partidos políticos. Ela foi questionada sobre essa legislação “bastante particular” sobre partidos e organizações políticas. “Ela impede que partidos pequenos tenham participação eleitoral”, disse, para depois fazer um contraste com o quadro na Venezuela, onde há “uma ampla gama de partidos políticos”.
Ruy Pereira não está na Venezuela. Viajou para as festas de fim de ano. Assim, na prática, ele não poderá retornar.
Em nota divulgada há pouco, o Ministério das Relações Exteriores afirma que o Brasil deverá adotar “medidas de reciprocidade correspondentes”. O mais provável é que o representante mais graduado da Venezuela no Brasil também seja declarado “persona non grata”. O Brasil tem criticado com frequência a ruptura do governo de Nicolás Maduro em relação aos princípios democráticos. Foi por essa razão que a Venezuela foi suspensa do Mercosul com base na cláusula democrática em agosto passado, no primeiro ato da presidência brasileira no bloco.
Como reação ao impeachment da ex-presidente Dilma, a Venezuela e outros países retiraram embaixadores do Brasil, que fez o mesmo, mas este ano enviou Rui Pereira a Caracas. (As informações do Correio)
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