Após dois adiamentos, o setor de bebidas frias - que inclui cervejas, refrigerantes, água e isotônicos - torce para que a definição sobre o aumento dos impostos saia ainda em 2014. Apesar de ter comemorado a decisão do governo de atrasar a aplicação do reajuste, o setor agora enfrenta um impasse. Isso porque, além da elevação da alíquota, governo federal, companhias e representantes do setor discutem também a reformulação do atual modelo tributário para essas bebidas. Se postergada essa revisão de metodologia até o próximo ano, as negociações correm o risco de voltar à estaca zero com a entrada de um novo governo.
Segundo fontes consultadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o consenso é de que o reajuste não será aplicado antes das eleições. "O aumento de impostos nunca é urgente; o que é necessário agora é a mudança do modelo de reajuste. O setor precisa ter previsibilidade para investimentos", afirmou uma fonte próxima do setor. Prevista inicialmente para o dia 1º de junho, a elevação da carga tributária foi prorrogada por 90 dias para evitar um aumento nos preços de cervejas e refrigerantes durante o período da Copa do Mundo. No anúncio do adiamento, o governo federal disse ainda que o reajuste aconteceria de forma escalonada, com a primeira parcela prevista para setembro.
Duas semanas após a data remarcada para o aumento, fontes afirmam que até o momento apenas projetos "em fase inicial" foram apresentados e que as discussões com o governo estão paradas. "Não há nenhuma definição sobre o assunto, ainda estamos aguardando e respeitando as prioridades do governo neste momento", declarou uma fonte do setor que participa das negociações. Apesar de não oficializado, o novo adiamento busca evitar pressões adicionais sobre os índices de inflação, evitando um desgaste político às vésperas das eleições presidenciais. Os cálculos iniciais da Receita Federal previam um repasse para os preços das bebidas ao consumidor de 2,25%, em média. Candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff acenou com a saída de Guido Mantega do Ministério da Fazenda em um eventual segundo mandato.
Sua principal adversária, Marina Silva, barrou doações das companhias do setor de bebidas ao assumir a candidatura à presidência pelo PSB. "Dependendo de qual for a composição do novo governo, as discussões podem retroceder, o que reforça a pressa", disse uma fonte. Representante das quatro maiores fabricantes de bebidas do País (Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken), a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) evita comentar o efeito eleitoral sobre a questão, mas admite o risco de que uma possível troca de governo afete as negociações. "Esse risco existe, mas independentemente do resultados das eleições, o atual modelo de tributação sobre o setor terá que ser simplificado", afirmou ao Broadcast o presidente da entidade, Paulo Petroni. (As informações do Estadão)
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