O presidente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e vice-presidente da Braskem, Marcelo Cerqueira, defendeu nesta segunda-feira, 2, a abertura da exploração do gás natural no Brasil, hoje controlado pela Petrobras e concessionárias estaduais. Em palestra para empresários do Polo Industrial de Camaçari, durante o Seminário Perspectivas do Complexo Químico da Bahia, Cerqueira alertou novamente para a falta de competitividade do setor no país, pelo alto preço da nafta, principal matéria-prima da indústria química brasileira, em comparação ao shale gas (tipo de gás natural) usado com a mesma finalidade nos Estados Unidos.
Depois da polêmica negociação do preço da nafta com a Petrobras, a Braskem, que é responsável pela central de matérias-primas do polo, anunciou investimentos de R$ 380 milhões para flexibilizar a produção, para uso também do gás importado dos Estados Unidos. Um contrato nesse sentido já foi assinado com validade de dez anos, para aquisição de 250 mil toneladas de etano americano. A intenção a longo prazo é fazer com que pelo menos 45% das plantas da companhia sejam "flex", sendo que, na Bahia, a meta inicial é de 15%.
Pós-crise - Com os investimentos, a Braskem também quer incentivar a cadeia nacional da indústria química a traçar estratégias comerciais para o pós-crise: "Historicamente, tivemos nossa economia centrada em commodities e a indústria química, até mesmo pela diversidade na geração de produtos em cadeia, é a que pode permitir a diversificação necessária, por ser a base da indústria de transformação", afirmou, alertando para a importância de programas que tornem o setor mais competitivo frente à concorrência internacional.
"Temos que pensar no longo prazo e em soluções estruturantes para o setor como a concorrência do shale gas, cientes de que somente em Camaçari as indústrias do setor respondem por R$ 70 bilhões de ativos", disse Cerqueira. "É muito investimento para ficarmos focados apenas numa crise conjuntural, sobretudo num setor que, embora tenha perdido força com a retração, tem papel fundamental para a mudança do perfil da indústria no país", completou.
Cerqueira admitiu, entretanto, que a crise político-econômica enfrentada pelo país tem assustado importantes parceiros da Braskem em projetos no polo baiano, a exemplo da empresa alemã Styrolution que vem adiando os planos de produzir ABS na Bahia, uma espécie de resina química ainda não produzida na América do Sul, mercado que seria atendido pelas empresas. "Esses investimentos que estamos fazendo é para mostrar que confiamos no setor, até mesmo pelas potencialidades de produção de gás natural no país, que pode futuramente trazer novas perspectivas de ganhos de competitividade", ressaltou o executivo.
O gerente de mercado pós-venda da concessionária Bahiagás, Makyo Félix, expôs os investimentos previstos pela companhia para ampliar o uso de gás natural pelo setor químico - ainda não como matéria-prima, mas como combustível em processos industriais. Reconheceu, entretanto, o quanto o henry hub (importante polo do comércio entre os diferentes dutos de gás natural nos Estados Unidos) apresenta preços bem mais em conta que a média no Brasil. O henry hub é usado como referência para o preço do gás natural na América do Norte. O evento contou ainda com a presença do presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, e do presidente do Conselho de Petróleo, Gás e Naval da entidade, Humberto Rangel, além do deputado federal baiano Davidson Magalhães (PCdoB). (As informações do A Tarde)
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