O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que era contra a recondução de Rodrigo Janot para o cargo de procurador-geral da República. Janot, que iniciou em setembro do ano passado um segundo mandato como procurador-geral, já apresentou nove denúncias contra Renan, todas derivadas das investigações da Operação Lava Jato. Renan também é investigado pela Operação Zelotes, que apura a suspeita de venda de medidas provisórias.
A gravação em que ele fala de Janot foi revelada pela TV Globo ontem. Num dos trechos do diálogo, Machado diz a Renan que não há nada contra ele nas investigações. Renan responde que não entende por que virou uma obsessão do procurador-geral da República. "Machado: Hoje, eu acho que vocês não poderiam ter reconduzido esse b*, não. Aquele cara ali... Renan: Quem? Machado: Ter reconduzido o Janot. Tinha que ter comprado uma briga ali. Renan: Eu tentei... Mas eu estava só".
A assessoria de Renan contestou a versão que aparece na gravação e disse que o presidente do Senado apoiou a recondução de Janot ao cargo. Machado fez as gravações para conseguir que seu acordo de delação premiada fosse aceito pelo Supremo Tribunal Federal, o que ocorreu na última quarta-feira.
Além de Renan, o ex-presidente da Transpetro fez gravações do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney. Jucá foi afastado do Ministério de Temer após o jornal Folha de S.Paulo revelar que ele sugeriu que um pacto do novo governo deveria "estancar a sangria" representada pela Lava Jato.
Também ontem, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido) defendeu a saída do presidente do Senado. "O Renan, como o Eduardo Cunha (presidente afastado da Câmara), deve sair urgentemente. Ele deve cair. Renan é o senhor dos anéis, faz o que quer, manipula tudo, usurpa", disse.
Delcídio pediu a cabeça de Renan depois da divulgação do áudio em que Renan conversa com Vandenbergue sobre o processo de cassação do ex-petista. No diálogo, Renan diz a Vandenbergue que Delcídio "tem que fazer. Fazer uma carta, submeter a várias pessoas, fazer uma coisa humilde. Que já pagou um preço pelo que fez, foi preso tantos dias. Família pagou. A mulher pagou". (As informações do Estadão)
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