O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, é a favor da suspensão do recesso parlamentar de julho, pois quer evitar protelações no julgamento de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. Como determina a Constituição, o chefe do Poder Judiciário assume o comando da Casa Legislativa durante o processo que decidirá a perda definitiva do mandato presidencial. Lewandowski almeja concluir o caso até setembro, antes do encerramento do seu mandato à frente do STF.
De acordo com a legislação, o julgamento do impeachment tem de ser feito em até 180 dias, a contar da aprovação da abertura do processo. Na quarta-feira, o Senado decide, por maioria simples, se referenda a decisão da Câmara dos Deputados que considerou haver subsídios para processar a presidente por crime de responsabilidade. Dilma só pode ser afastada do cargo após essa decisão do Senado, a quem cabe julgá-la culpada ou não.
Se todo o prazo for usado, o mais provável é que o julgamento seja finalizado apenas em novembro, quando a ministra Cármen Lúcia já terá assumido a presidência do STF. Conforme o Estado apurou, Lewandowski gostaria de "marcar na história" que presidiu o processo de impeachment de forma "isenta, correta e amparado na Constituição". Apesar de querer concluir o julgamento, o ministro tem ressaltado que não pulará etapas e garantirá "todo o direito" de a presidente se defender, principalmente para evitar nulidades.
O principal objetivo de Lewandowski é atenuar a imagem negativa com a qual ficou marcado no julgamento do mensalão, em que atuou como ministro revisor do processo sobre o escândalo de compra de votos de partidos na Câmara. Na oportunidade, ele antagonizou com o relator do caso, Joaquim Barbosa, ao defender a absolvição de acusados como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Em outubro de 2012, dois meses após o início do julgamento, nas eleições municipais daquele ano, Lewandowski foi hostilizado por eleitores ao chegar à escola em que votaria. O ministro avalia que pagou "um preço muito caro por seguir suas convicções". Ele discordou do uso da teoria do domínio do fato usada por Barbosa para condenar, principalmente, Dirceu. (As informações do Estadão)
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