Ter o cabelo mantido durante a quimioterapia é o anseio da maioria das mulheres acometidas pelo câncer. Em alguns tipos da doença, a utilização da crioterapia tem evitado a queda brusca dos fios e o impacto negativo na autoestima das pacientes. A técnica consiste no uso de uma touca hipotérmica feita de gel de silicone acoplada em uma máquina que resfria o couro cabeludo.
“Desta forma se reduz o aporte sanguíneo na região, realizando uma vasoconstrição. A substância da quimioterapia não chega e as células não são afetadas. Isso ajuda a amenizar e até evitar a queda do cabelo”, explica a oncologista e diretora do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), Clarissa Mathias. Pioneiro no estado, o NOB é a única unidade de saúde com o equipamento desde janeiro deste ano e já aplicou a técnica em 48 mulheres. Em mais nove estados brasileiros, clínicas do grupo Oncoclínicas também oferecem o serviço.
A administradora Kátia Santana Kraychete, 56 anos, foi diagnosticada com câncer de mama em dezembro do ano passado. “A primeira coisa que pensei é que ia morrer. Depois disso, o que mais me afligia era ficar careca. Já fui logo procurando uma peruca”, contou. Foram seis sessões de quimioterapia com a técnica e ela diz que não ter sofrido alopecia (queda de cabelo) foi essencial para o sucesso no seu processo de cura, ainda em curso com o uso de medicação para fortalecer o sistema imunológico que deve durar mais um ano.
Vantagem - A paciente ficava com o equipamento durante o período em que a medicação era ministrada, até 45 minutos depois de cada sessão. A temperatura pode chegar a menos 4º graus e sensação térmica pode alcançar 16º graus. “Fiquei com receio, mas o resultado foi bom. As pessoas não acreditavam quando eu falava que estava me tratando de um câncer. Não é fácil, mas foi bem melhor me enxergar com cabelo”, contou. A cirurgia ocorreu em janeiro e foi necessária a retirada de um quadrante da mama. A quimioterapia durou de fevereiro a junho deste ano, e foi seguido de radioterapia.
A única coisa que denunciava a administradora era a máscara que usava no rosto para evitar outros males por conta da baixa imunidade. “Não necessitar de peruca ou lenço é um grande ganho, pois existe um estigma relacionado ao câncer. Todo mundo olha a mulher e já sabe que está com a doença. Além de influenciar na autoestima de uma pessoa que já tem que lidar com o diagnóstico e cirurgia, isso ajuda na condução do tratamento de forma mais tranquila”, disse a também oncologista do NOB, Renata Costa.
Material
A touca é revestida por gel de silicone. E, por cima dela, é colocada outra cobertura feita de neoprene – tipo de borracha sintética utilizada em roupas de mergulho. “Ao longo da sessão ela vai sendo ajustada e, às vezes, apertada”, contou Kátia, que não sentiu incômodo ao usar o equipamento. “Acho que o desejo de não perder o cabelo era tão forte que nem liguei para a temperatura ou se estava apertando minha cabeça”, afirmou. No entanto, a oncologista do NOB afirmou que é comum o aparecimento de alguns sintomas. “O paciente pode se queixar de dor de cabeça, tontura e sensação de frio. Sintomas que são rapidamente superados pelos resultados alcançados”, explica Clarissa Mathias.
A rotina de cuidados com a saúde também facilitou e possibilitou o tratamento ainda na fase inicial. “Faço exames a cada seis meses e, nesse processo, foi encontrado um nódulo com seis milímetros. Após a punção, foi identificado como um tumor maligno”, contou. (As informações do A Tarde)
Nenhum comentário:
Postar um comentário