O governador Rui Costa (PT) cobrou mais "bom senso" ao país ao comentar a avalanche de denúncias feitas pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da Operação Lava Jato. Como alvos de novos inquéritos, Janot cita, entre outros, o ex-presidente Lula, os ministros Jaques Wagner (chefe de gabinete da presidência da República) e Edinho Silva (Comunicação Social). "Precisamos cuidar mais de respeitar a imagem das pessoas. Se apure, se dê rigor nas investigações, condene eventualmente quem seja culpado depois do amplo processo de defesa. Agora, não é possível você sair tratando isso como se fosse coisa do atacado. Termina até perdendo credibilidade", disse, nesta quarta-feira, 4, na Governadoria.
Sem citar Janot, Rui criticou o trecho da petição do procurador quando ele diz que o suposto esquema de corrupção do petrolão não teria ocorrido sem o conhecimento do ex-presidente Lula. "Acho absurdo essa tese levantada: 'Não seria possível isso acontecer se fulano não soubesse'. Sou governador da Bahia, imagine se amanhã ou depois acontece algum problema no governo e alguém vai dizer isso, não seria possível se o governador não soubesse. Não conheço todos os detalhes de todos os órgãos do estado". O governador desqualificou também a delação de Nestor Cerveró de que dinheiro desviado da Petrobras pelo ex-presidente José Sérgio Gabrielli teria abastecido a campanha de governador de Jaques Wagner em 2006. "Isso é mentira. Estamos em 2016. Alguém vai e diz que na campanha de 2006 circulou dinheiro ilicitamente. Qual a credibilidade que eu dou a essa pessoa (Cerveró)? Conheço Jaques Wagner há 32 anos. Prefiro confiar na palavra de alguém que conheço há 32 anos, que a de uma pessoa que embolsou dinheiro".
Rui criticou o instituto da delação premiada no Brasil, acha que precisa ser repensada. "Pode ser um instrumento de chegar a todas as pessoas? Pode. Agora se usado indevidamente, pode ser um instrumento de estímulo para quem quer reduzir sua pena saia atirando feito metralhadora giratória, que tanto maior número de tiros que ele der, maior será a redução de sua pena". Na visão do governador, o delator não precisa comprovar o que diz quando faz a delação. "O acordo de delação já está assinado, é homologado nesta quarta. Agora que vão apurar. O estrago já foi feito. Quando o nome da pessoa é citada no jornal ou na televisão, a depender da ênfase que se dá, está condenada a priori. Vou pegar o exemplo do meu vice (João Leão). Quando saiu a autorização para ele ser investigado, a imprensa toda me perguntou se eu iria afastá-lo. Até agora não se chegou a nenhum elemento contra ele", afirmou.
Nomeação - Sobre a possibilidade de nomear Wagner como secretário para que ele mantenha foro especial, Rui assegurou que não tratou sobre o assunto com o ministro. "Me honraria muito a contribuição que ele ou outros técnicos possam dar, mas, reitero, não tenho nenhuma conversa. Até aqui não está no horizonte meu e dele isso", afirmou Rui. O governador deu a entender que o impedimento de Dilma é fato consumado e se prepara para conviver com o vice Michel Temer. "Pretendo fazer uma reunião dos governadores do Nordeste, vou convocar, para que possamos fazer uma avaliação e consigamos manter a unidade dos estados nordestinos, numa relação com o governo federal como vínhamos fazendo com a presidente Dilma. Pretendemos fazer o governo de transição para que os interesses dos nordestinos sejam preservados". (As informações do A Tarde)
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