Entre reuniões com políticos e cerimônias para apresentar projetos do governo, o presidente Michel Temer quase não saiu do eixo Palácio do Planalto - Palácio do Jaburu (onde ainda mora com a família) nos últimos meses. Mas a delação da JBS e a denúncia apresentada por Rodrigo Janot pelo crime de corrupção passiva provocaram uma notória mudança na rotina do chefe do governo federal. Ao se ver ameaçado pelas acusações de Joesley Batista, Temer intensificou encontros com ministros, senadores e deputados. De acordo com levantamento realizado com base na agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, nos 60 dias que antecederam a divulgação do conteúdo da delação premiada da JBS, o presidente realizou 180 encontros com políticos e autoridades - a exemplo de grandes empresários e presidentes de grandes organizações.
Já nos 60 dias que sucederam a delação, esses encontros se repetiram 280 vezes. Há de se considerar também que no período pós-delação o presidente esteve em viagem oficial na Europa por quase cinco dias. Logo, ele ficou "impedido" de trabalhar na articulação política do seu governo nesse período. O último dia 4 de julho foi emblemático. Já com a denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Temer teve reuniões entre 8h e 22h30 de forma quase ininterrupta. Ao todo, 31 compromissos foram registrados na sua agenda oficial, envolvendo principalmente deputados, senadores e ministros. No momento pré-delação, entre 18 de março e 16 de maio, em apenas três dias o presidente teve mais de dez encontros com políticos e autoridades.
Já depois das acusações de Joesley, entre 18 de maio e 5 de julho tal situação se repetiu 14 vezes. O presidente também não se mostrou muito afeito aos eventos públicos. Durante todo o período avaliado, ele participou de apenas uma inauguração ou entrega de obras. Em 24 de março, ele esteve na cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida na cidade de São José do Rio Preto, em São Paulo. Não faltaram viagens para testar sua proximidade com a população. Em passagens por Maceió, Recife e São Paulo, a agenda oficial anuncia apenas compromissos com autoridades locais e participações em eventos fechados.
Perante a Câmara, o presidente terá provavelmente uma ótima chance de testar sua popularidade entre os deputados já nesta quarta-feira (2), quando deve acontecer a votação da denúncia de Janot na Casa. Com o resultado, Temer poderá conferir se tantas horas dedicadas às reuniões no período pós-delação deram o resultado desejado. (As informações do BN)
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