domingo, 27 de agosto de 2017

POPULAÇÃO COBRA FISCALIZAÇÃO EM SÃO TOMÉ DE PARIPE APÓS TRAGÉDIA EM MAR GRANDE

O naufrágio ocorrido em Mar Grande acendeu o sinal de alerta de passageiros que fazem diariamente a travessia entre São Tomé de Paripe, no subúrbio de Salvador, e a Ilha de Maré. O terminal está desativado, a ponte em estado precário e moradores locais cobram fiscalização para embarcações irregulares, temendo acidentes. Na manhã desta sexta-feira, 25, o A TARDE esteve no local e constatou que o equipamento está abandonado. Não existe venda de passagens e os próprios barqueiros abordam as pessoas oferecendo o serviço.

Algumas embarcações não têm afixadas exigências como número de registro e a placa com o telefone da Capitania dos Portos. Passageiros sentam-se de frente para o outro com a água passando bem perto de seus corpos. "Se der um vento forte e vier uma onda maior, a água entra. No mês passado, outra parte do corrimão desabou", disse o pescador Rafael Liporage Oliveira, 27 anos.

Estudantes que fazem o trajeto diariamente contaram não haver outra opção, embora tenham medo. "A gente precisa chegar por volta das 6h50, o que der para ir, vá", afirmou Tainara da Encarnação, aluna do Colégio Estadual Marcílio Dias.

Em dia de exceção, ela e outras quatro colegas pegaram o Bola de Gude, embarcação maior do que as canoas carregando produtos alimentícios. Dono da embarcação, o comerciante Valdemir Pires Lopes, 66, faz a travessia uma vez por semana para suprir um pequeno comércio mantido na ilha.

"Está tudo regularizado pela Marinha e fiscalizado", garantiu Lopes, acrescentando que na Ilha de Maré o local de atracação também carece de reformas imediatas. A bordo do Bola de Gude subiu a marisqueira Denilza das Neves, 52, que apesar das inúmeras 'promoções' para ir de canoa só saiu do terminal no barco de Lopes. "Quando venta muito, o barco fica jogando. Só vou em barco grande", justificou a marisqueira. Proprietários das embarcações menores preferiram não falar.

Transporte escolar
A situação de estudantes da Ilha de Maré que frequentam o Colégio Estadual Marcílio Dias preocupa os pais. Pedindo para não ser identificados, alguns deles avisaram que cerca de 100 alunos deixaram de estudar este mês por conta da retirada da embarcação oferecida pelo governo estadual. "Não temos condições de pagar R$ 10 por dia para o menino ir e voltar da escola no barco particular", explicou um pai.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia garante que o transporte escolar marítimo dos alunos de Ilha de Maré "será regularizado nesta segunda-feira (28/8)". No documento, o órgão esclarece que "a empresa prestadora do serviço estava com pendências na documentação, o que impediu o pagamento. A empresa regularizou a situação na quarta-feira (23/8)". (As informações do A Tarde)

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