O garçom Charle de Jesus Santos, de 27 anos, foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pela morte do enteado Guilherme Santos da Silva, 9. Em depoimento à polícia, o padrasto confessou, nesta quarta-feira, 23, que manuseava uma espingarda de caça, quando a arma disparou e atingiu o menino na cabeça.
O caso ocorreu no final da tarde de terça, 22, dentro de uma casa localizada em um sítio na rua Joia do Rio 1, na Estrada da Tiririca, no Loteamento Som das Águas, em Barra do Pojuca, localizado no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Inicialmente, Charle disse à família e polícia ter visto um homem correr pela propriedade com uma arma na mão logo após ouvir um disparo de arma de fogo e, ao entrar no imóvel, encontrou o menino baleado.
“Nós deduzimos pela investigação que havia sido Charle e o prendemos. Foi aí que ele confessou”, afirmou a delegada Aymara Bandeira Vaccani, titular da 33ª DT (Monte Gordo). “Foi um acidente. Ele pegou a espingarda embaixo da cama por curiosidade e a arma disparou”, completou ela.
Charle e Guilherme foram ao sítio buscar uma jaca. Eles eram amigos do caseiro da propriedade, um homem conhecido por Neném, e costumavam buscar frutas lá. “Charle disse que, quando eles chegaram ao sítio, chamaram por Neném, mas ele não respondeu. Então Guilherme entrou na casa para dar um susto no caseiro. Ele disse que depois ouviu um estrondo e, quando entrou na casa, o menino estava caído no chão”, afirmou o Luiz Giffoni, 38, tio do garoto.
Boa relação
Segundo o tio, Charle não queria levar Guilherme ao sítio, mas o menino insistiu tanto que ele acabou por mudar de ideia. O garoto tinha apenas 3 anos de idade, quando Charle e a mãe dele ficaram juntos. Durante os seis anos de convivência, o padastro e o garoto sempre se deram bem, conforme o tio.
Eles tinham uma relação boa, eram amigos. O menino era muito apegado a ele e ao menino. Eles faziam muitas coisas juntos. Para todo lugar que ia, o padastro levava Guilheme”, afirmou Luiz Giffoni. “A gente só quer Justiça. Se ele cometeu esse crime, ele tem que pagar”, completou o tio.
Protesto
Antes da prisão de Charle, estudantes do Colégio Estadual de Barra do Pojuca e outros moradores fizeram uma passeata pelas ruas do distrito para pedir por justiça.
Mentiu sobre o crime
Na delegacia, Charle contou que ele e Guilherme estavam acompanhados por um amigo do garoto. Quando eles chegaram ao sítio, Neném não estava. Guilherme então entrou na casa começou a ouvir música. Neném chegou instante depois e questionou se Charle já havia recebido o dinheiro emprestado a um colega.
“Eu falei não e ele falou ‘Tem um negócio bom aqui para a gente cobrar o dinheiro dele’ e pegou o negócio [a arma] embaixo da cama”, contou o padrasto. Charle disse que mandou ele guarda a espingarda por causa das crianças, mas Neném não guardou e, logo depois, passou a arma para ele.
“Parece que ele já me deu a arma em ponto de gatilho. Não lembro o momento em que ocorreu isso. Quando vi, só foi o disparo. Aí eu vi Guilherme caindo, eu caí por cima”, afirmou.
Charle disse que mentiu sobre o crime por medo da reação da família e revelou ter pensado em se matar. “Se eu não tivesse vindo para a delegacia, teria feito uma besteira comigo. A dor que estou sentindo é como se tivessem tirado meu coração de unha. Eu daria minha vida para trazer a vida dele de volta”, declarou, emocionado. (As informações do A Tarde)
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