O décimo terceiro salário será a salvação de muita gente este ano. Com o cenário econômico cada vez mais apertado, a maioria dos consumidores (o equivalente a 74% pessoas) pretendem utilizar o 13º para o pagamento de dívidas já contraídas. É o que aponta pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). De acordo com a Associação, a quantidade de pessoas que vão pagar dívidas com o 13º aumentou 8,82% frente a 2014. Apenas 8% dos trabalhadores devem utilizar parte do benefício para a compra de presentes e 8% vai poupar para fazer frente às despesas de começo do ano.
“Tudo tem a ver com a conjuntura que vivemos. As famílias estão sendo penalizadas pelos juros elevados, aumento dos impostos, inflação alta, desemprego, etc. Os preços estão maiores, a renda menor e as pessoas estão se endividando mais”, explica o diretor da Anefac, Miguel de Oliveira.
A pesquisa também mostrou que houve uma redução no percentual de consumidores que deverão poupar parte do 13º salário para as despesas de começo do ano - redução de 27,27% em comparação ao ano passado. Miguel complementa que 83% das dívidas a serem liquidadas são provenientes do cartão de crédito (44%) e de cheque especial (39%).Houve ainda uma redução de 27,27% no número de consumidores que pretende utilizar o 13º para comprar presentes.
A doméstica Maria Betânia Barbosa, 53, por exemplo, confessa que este ano o orçamento não vai dar nem para uma lembrancinha. Isso porque ela já está com todo o 13º comprometido com despesas de seu casamento. “Também vendi dez dias das minhas férias”, conta ela, que pretende casar só no civil o mais rápido possível. “Tudo sai caro. Só com documentação, já gastei R$ 500”, afirma. Maria Betânia e o noivo têm uma renda mensal de dois salários mínimos. “Queria resolver outras coisas, mas o dinheiro não dá. Ainda tenho que pagar o meu celular novo”.
A estudante de enfermagem Suélen Conceição, 26, revela que o 13º não vai ser suficiente para quitar suas dívidas. “Vou passar para o próximo ano. A prioridade é pagar o IPVA. Depois, tenho que pagar parte dos R$ 500 que devo para cartões de crédito de lojas e vou reformar o piso de casa”, conta.
A dica do economista e educador financeiro Edval Landulfo é que o trabalhador priorize as dívidas com juros altos. “A primeira deve ser o cartão de crédito, que tem juros de 361% ao ano. Depois, o cheque especial, que tem juros de 222% ao ano”, diz. “É preciso se planejar. Se não, o próximo ano vai ser a mesma bola de neve de novo”. (As informações do Correio)
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