Depois de perder espaço no primeiro e segundo escalões do Palácio do Planalto desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), a base aliada ao governo no estado emplacou um de seus líderes no comando no mais alto cargo da Esplanada dos Ministério. Ontem, em meio à dança do poder em Brasília, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, foi confirmado como novo chefe da Casa Civil de Dilma.
A troca de Wagner pelo atual ocupante da pasta, Aloizio Mercadante, foi informada pela presidente à cúpula do PMDB pela manhã. Antes, Dilma já havia acertado com Mercadante sua transferência para o Ministério da Educação, pasta que ele já comandou e que atualmente é chefiada pelo filósofo Renato Janine Ribeiro, nomeado para o cargo em abril deste ano.
A troca na Casa Civil atende a pressões do PMDB e do ex-presidente Lula, que enxergam em Mercadante um fator desagregador para o Palácio do Planalto. Para ambos, sua permanência no cargo contribuía para agravar a crise política que ameaça consumir a governabilidade. Segundo líderes peemedebistas, a troca de Mercadante por Wagner, defendida por Lula desde a montagem da nova equipe de Dilma, vai atender principalmente o PT, mesmo que a legenda perca ministérios na reforma prevista para ser anunciada hoje. A explicação para o paradoxo está no perfil do futuro ocupante da Casa Civil.
Trânsito - Além do apoio incondicional de Lula e da proximidade com a presidente, Wagner tem melhor trânsito dentro do PT do que Mercadante. Ao mesmo tempo em que encampa a defesa do governo, consegue dialogar com a ala petista insatisfeita com as políticas de ajuste fiscal. Ao ser confrontado com os escândalos de corrupção envolvendo o PT, costuma repetir que “existem os santos e os diabos em todos os partidos”. Ao falar sobre economia, afirma que não acredita nem em liberdade total ao mercado nem em intervencionismo exacerbado do Estado.
Wagner também goza de um retrospecto favorável em momentos de extrema dificuldade. Há cerca de dez anos, auge do mensalão no primeiro governo Lula, assumiu a articulação política do Planalto e teve papel crucial para debelar a crise. A seu favor, pesa ainda seu perfil conciliador. O que lhe rendeu fama ao transitar bem no PT, partidos aliados e a oposição.
Assediado pela imprensa, ontem, Wagner negou convite para assumir o novo posto do Planalto, mas se posicionou como autêntico chefe da casa Civil. O que inclui projeções sobre o modelo futuro da articulação política do governo Dilma após a reforma administrativa e ministerial.
Após participar de audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Wagner foi diplomático. Primeiro, disse que não recusará uma nova missão no governo. Em seguida, elogiou Mercadante. Por fim, deixou nas entrelinhas sua ida para a Casa Civil.
“Como tenho essa fama de adepto do diálogo, e as pessoas acham que há dificuldades nessa área, as pessoas acham que eu posso contribuir. Mas não acredito em ninguém que seja solucionador isolado”, afirmou. Segundo Wagner, a articulação política com o Congresso deverá ficar por conta de uma “Secretaria de Governo”. As atribuições da Casa Civil e da atual Secretaria de Relações Institucionais terão funções diferenciadas para “azeitar a relação”, antecipou o ministro. “Não pode ter duas ou três cabeças fazendo a mesma negociação. Acaba que não funciona. No dito popular, quando muita mão mexe no feijão, acaba não dando bom resultado”, afirmou. (As informações das Agências)
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