segunda-feira, 2 de novembro de 2015

FHC DIZ QUE TÉCNICOS DO TCU ERAM 'MUITO PETISTAS' EM SUA GESTÃO

A contraposição entre o Palácio do Planalto e o Tribunal de Contas da União (TCU), uma das marcas de 2015 por conta das "pedaladas fiscais" do governo Dilma Rousseff, ocorreu também, em nível menos dramático, há quase 20 anos, como revelam os diários do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 14 de agosto de 1996, FHC registrou dificuldades colocadas pelo TCU para liberar as propostas de privatizações do governo tucano. No depoimento, revelado agora no livro "Diários da Presidência - 1995-1996" (Companhia das Letras), FHC caracteriza os técnicos do TCU como "muito petistas" naquele momento.

"Voltei ao Palácio da Alvorada e recebi muita gente. Primeiro tive uma conversa com o Sérgio Mota (então ministro das Comunicações) e o presidente do TCU, o Marcos Vilaça. O TCU está pondo dificuldades óbvias e corretas na aprovação de concessões na telefonia e na área de energia. O Vilaça disse com clareza que há três conselheiros (no TCU) muito antiquados, uns são estatistas, outros são exibicionistas, o que dificulta muito. Sugeriu que eu tivesse um jantar com todos na casa dele, explicar qual é o nosso propósito: evitar que o TCU, que está muito influenciado por sua tecnocracia, muito petista, e também por uma mentalidade burocrática antiquada, atrapalhe o avanço da privatização e das concessões", relata FHC.

Ao final, o modelo tucano de privatizações ganharia o sinal verde. Em 1997, o governo privatizaria a Vale e, no ano seguinte, a Telebrás. Agora, quase 20 anos depois, o conflito entre o governo e o TCU envolve o PT e ganhou contornos mais dramáticos. Por conta de manobras fiscais, como as pedaladas, a Corte de Contas rejeitou, de forma unânime, o Balanço Geral da União de 2014. Foi a primeira vez em 78 anos que o TCU reprovou as contas federais. A oposição, que hoje é liderada pelo PSDB, aposta justamente nas "pedaladas fiscais" e no parecer pela rejeição do TCU para embasar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. (As informações do Estadão)

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