domingo, 27 de março de 2016

POR SEGURANÇA, SAMU SÓ ATENDE VÍTIMA DE TIRO NA BAHIA COM APOIO DA PM

Depois de três anos trabalhando no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, o clínico e ortopedista L.P., 29 anos, foi “batizado” e recebeu sua primeira ameaça de morte. Os momentos de tensão foram vividos, por volta das 20h do dia 12, no Conjunto Arvoredo, no bairro de Tancredo Neves, quando ele e a equipe chegaram ao local para socorrer um homem que tinha sido baleado dentro de um carro.

Por questões de segurança, esse tipo de ocorrência – que envolve agressão por arma de fogo – só é atendido pelas equipes do Samu com a presença da Polícia Militar. A mudança no protocolo é de setembro do ano passado, quando uma ambulância foi interceptada e o paciente executado a caminho do hospital. O procedimento causa, de acordo com o coordenador do Samu em Salvador, Ivan Paiva, atrasos de, em média, cinco minutos na resposta aos chamados – alvo de queixas de familiares de vítima e de quem aciona o socorro.

Para o médico L. o pedido de socorro já chegou com a informação de que a PM tinha sido acionada. “Para azar nosso, chegamos antes da polícia”, lembra, trêmulo, o profissional ao recordar o episódio. Segundo ele, assim que a equipe chegou, um grupo retirou a vítima de dentro do carro onde tinha acontecido o crime.

“Não deixaram a gente fazer o procedimento, a gente teve que colocar a pessoa dentro da ambulância para tentar prestar o atendimento. A gente não sabia se a pessoa que tinha atirado ainda estava ali”, disse. Foi quando a confusão aumentou.

“Começaram a esmurrar a ambulância, dar chutes, gritar para a gente abrir a porta. Quando abri a janela, disseram que se a gente não atendesse a pessoa lá, iam matar a gente lá mesmo”. Mesmo com o veículo sendo sacudido, o condutor conseguiu sair do local em direção ao Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, onde a vítima chegou morta.

“Tenho três anos no Samu e nunca tinha passado por uma situação tão agressiva. O que a gente podia fazer era colocar a vítima na ambulância e rezar para não levar um tiro. A gente ainda foi seguido por motos que eu não sei se eram parentes ou quem alvejou a pessoa. Pedi socorro pelo rádio, pela central, mas eu não uso colete, só ando com a roupa do Samu, o estetoscópio e a luva”, desabafou o médico, que também estava acompanhado por uma enfermeira e um estudante de Medicina, além do condutor. Por sorte, ninguém se feriu. (As informações do Correio)

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