quinta-feira, 31 de março de 2016

ENCOSTA NA CAPITAL GANHA SENSORES CAPAZES DE INDICAR DESLIZAMENTOS

O temporal que desabou sobre Salvador no dia 9 de novembro de 2011 vai demorar de ser esquecido pelos moradores da Chácara Santo Antônio, na encosta em frente ao Largo do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico. No dia fatídico, moradores perceberam a terra deslizando durante a noite e deixaram suas casas. Foi o que evitou que fossem levados pela chuva junto com sete imóveis atingidos pela terra que desceu. Ninguém se feriu, mas, naquele dia, com imóveis interditados, mais de 300 pessoas ficaram desabrigadas.

Foi esse local, que fica na falha geológica que separa a Cidade Alta da Cidade Baixa, o escolhido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para a instalação de uma Estação Total Robotizada (ETR) e de 100 prismas de monitoramento para prevenção de deslizamentos.

Informações inéditas - O nome difícil serve para designar um sistema capaz de detectar qualquer movimentação ou deslizamento de terra, na encosta ou nas residências, a partir de 1 milímetro. A ideia é reunir informações inéditas sobre o solo que possam ajudar a Defesa Civil municipal a perceber as condições exatas que antecedem o desastre e se antecipar a eles, ganhando tempo para, por exemplo, evacuar uma área em risco, evitar uma tragédia ou reduzir danos.

“A ETR vai permitir estabelecer o exato momento de ruptura do solo e ver quanto de umidade já tem no solo naquele momento. Quando o nível de umidade chegar próximo desses valores, a gente emite o alerta para a Defesa Civil e aí eles têm tempo de adotar medidas preventivas com a população”, explicou o pesquisador do Cemaden Rodolfo Mendes, que está em Salvador para a instalação do sistema.

Segundo o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Alvaro da Silveira Filho, além de ser um ponto da falha geológica, o Santo Antônio foi escolhido por ser um local de risco, onde já aconteceram vários deslizamentos.

Sensores - Os 100 prismas que serão instalados, provavelmente, no dia 11 de abril, serão distribuídos ao longo da encosta e também em residências que ficam no morro, localizado sobre o Túnel Américo Simas, que liga o Aquidabã ao Comércio. Antes disso, os técnicos do Cemaden precisam visitar a comunidade a fim de mapear os melhores pontos para receber os sensores e, também, conversar com os moradores.

Na prática, os prismas — pequenos refletores circulares de laser, com 8 a 10 centímetros de diâmetro — funcionam como sensores que registram a movimentação do solo e enviam as informações para a estação robótica. No caso de Salvador, a ETR será instalada sobre a caixa d’água do Hospital Naval, em frente à encosta.

As informações que chegam à estação irão diretamente, via internet, para a sede do Cemaden, em São José dos Campos (SP), que redistribuirá os dados para a Codesal. Mendes explica que o projeto é uma parceria com a Prefeitura de Salvador e, primeiramente, será executado em fase experimental por um período de dois a três anos, necessários para reunir informações consistentes sobre o comportamento do solo diante da chuva. “Depois, vamos tornar esse equipamento operacional”, garantiu o pesquisador. (As informações do Correio)

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