domingo, 22 de janeiro de 2017

APLICATIVO ACIRRA DISPUTA ENTRE MOTORISTAS EM SALVADOR

Menos de 24 depois que a chegada a Salvador do aplicativo Yet GO foi anunciada por A TARDE, com exclusividade, mais de 20.000 downloads em celulares de soteropolitanos foram registrados, segundo a empresa. Assim como o Uber, o novo aplicativo não conta com a simpatia da prefeitura, que trata esse serviço como clandestino. Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entretanto, uma lei municipal vetando os aplicativos é inconstitucional. Uma questão que deve ser decidida pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

O veredito da desembargadora Soraya Moradillo Pinto, em férias até 8 de fevereiro, é aguardado com ansiedade pelos cerca de mil motoristas profissionais já teriam se cadastrado para atuar no aplicativo, os quase cinco mil motoristas do Uber e 13 mil taxistas que atuam em Salvador.

Desempregado desde julho, o operador de logística Francis Nascimento está trabalhando com o aplicativo desde o seu lançamento e acha que, do ponto de vista dos motoristas, tanto o Yet Go quanto o Uber têm coisas boas e ruins. “Um pode aprender com o outro. O Yet Go mostra a foto do passageiro, por exemplo, mas ainda tem que melhorar a questão do controle, porque recebi uma chamada em que o cliente tinha uma imagem pornográfica”, afirma Nascimento, que não está cadastrado no concorrente Uber.

O fundador da Yet, Alberto Souza Júnior, aposta em preços mais baixos para conquistar clientes e motoristas. “Não temos a tarifa dinâmica e Go e a nossa tarifa é 20% menor do que a do Uber”, afirma. Se entre os dois aplicativos, a briga é para oferecer serviços melhores e atrair um número maior de profissionais do volante, para os taxistas o objetivo é se adaptar aos novos tempos e evitar a contínua perda de clientes.

Uma disputa que chegou a gerar perseguições, atentados e ameaças de morte a motoristas e passageiros dos aplicativos. E, no plano racional, impulsiona o debate sobre o fato de que um taxista paga pelo uso do alvará. Oficialmente, apenas a prefeitura pode conceder o documento.

Mas como o poder público emite uma quantidade limitada de documentos, os próprios taxistas trataram de estabelecer um comércio informal à medida em que profissionais desistem da vaga. “Antes do Uber, as pessoas vendiam um alvará por R$ 120 mil. Com a crise, tem gente vendendo por R$ 40 mil”, afirma o presidente da Associação Metropolitana de Taxistas (AMT), Valdeison Miguel Santos, que destaca se tratar de “contratos de gaveta”, em que vale apenas a palavra dos dois taxistas envolvidos.

Outros impactos dos aplicativos sobre a categoria são as promoções (em dezembro, alguns táxis rodaram sem cobrar bandeira dois) e a desistência de um benefício que a categoria havia conquistado recentemente. “Desde janeiro de 2016, conquistamos a data-base da categoria e teríamos o direito de reajustar a taria em 7%. Mas vamos abrir mão”, disse Santos.

Mas não para nisso. A AMT pretende ter o seu próprio sistema. “Estamos esperando que a prefeitura libere o aplicativo para os taxistas”. Sobre a decisão da Justiça, o secretário de mobilidade, Fábio Mota, disse que a prefeitura não depende de uma lei municipal para atuar. “Vamos continuar fiscalizando e combatendo o transporte clandestino na cidade”, afirma. (As informações do A Tarde)

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