Se você acha que o serviço secreto é algo restrito às agências de inteligência de governos, como a CIA e o FBI (EUA) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), saiba que essa realidade é bem mais próxima que se imagina: e ela pode estar sentada ao seu lado, num ônibus. Para combater os assaltos em coletivos, policiais do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc) da Bahia estão infiltrados como passageiros em ônibus, estações de transbordos e nos pontos. A maioria dos agentes disfarçados é formada por mulheres.
As ações que envolvem policiais infiltrados são responsáveis por 50% das prisões realizadas pelo Gerrc nos últimos dois anos, quando a tática foi implantada. “Esse minucioso trabalho minimiza a falha por parte dos policiais na indicação da autoria dos roubos”, declarou o delegado Nélis Araújo, coordenador do Gercc. Em 2015, a unidade registrou 260 prisões, sendo 103 resultado do trabalho de infiltração. Em 2016, dos 252 presos, 126 foram pegos assim.
O exemplo mais recente desse tipo de atuação foi a prisão de Cássia Kelly Conceição Vieira, 24 anos, capturada, anteontem, quando ela e o namorado e comparsa Joelbson Alves Rocha, 20, foram surpreendidos no Largo do Tanque tentando roubar um ônibus. Houve confronto e Joelbson acabou baleado nas nádegas. Ele fugiu, mas foi morto por bandidos rivais no Curuzu.
Foi o trabalho de uma agente disfarçada que levou outros policiais do Gerrc ao casal. Como o Serviço de Investigação já sabia que a dupla atuava da Avenida San Martin até a Calçada, a policial ficou em um ponto no Largo do Tanque em que o casal costumava aguardar para fazer vítimas. O objetivo era fazer um levantamento, coletar informações.
Foi quando ela viu que Joelbson estava armado e que Kelly tinha a réplica de uma arma. Então, passou a informação para uma unidade nas imediações. “Ela já sabia quem era Joelbson, pois a taxa de reincidência é muito alta. Chegam a cometer dois ou três roubos por dia e depois saem do cenário, mas aí já colhemos os depoimentos das vítimas e montamos um banco de dados, cruzando as ocorrências”, conta o delegado Nélis.
Mulheres - Elas são maioria no grupo dos policiais que atuam secretamente. “Elas passam mais despercebidas. São os olhos vivos dos falcões (policiais homens) do grupo. Elas indicam os autores, mas evitam aparecer, mesmo no ato prisional, pois precisam fazer a parte de inteligência no dia seguinte ou horas depois no mesmo dia”, disse o delegado Nélis Araújo.
Em grande parte das ocorrências, as infiltradas atuam nos ônibus, enquanto uma viatura da unidade não padronizada acompanha toda a ação a distância. À menor suspeita, elas entram em ação. “Usam o celular para passar as informações à guarnição que segue atrás, mas a conversa é codificada, imperceptível para a criminalidade, como se fosse uma informação trivial. Depois de passar o informe, elas descem e aí é a vez de a equipe agir”, contou o delegado. (As informações do Correio)
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