Reunidos em assembleia no campus de Ondina, na tarde de ontem, os professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba) optaram por acompanhar o movimento nacional grevista de outros 15 estados e decidiram paralisar suas atividades por tempo indeterminado. A pauta principal da categoria é pressionar o governo contra a redução da verba destinada às universidades públicas. Na semana passada foi anunciado o tamanho do contingenciamento de recursos do Orçamento Geral da União em 2015. Para a Educação - setor que está entre as maiores reduções de gastos - serão cortados R$ 9,423 bilhões. Os professores ainda se declararam contra o Projeto de Lei da Terceirização e o reajuste fiscal. Também reivindicam correções nos planos de carreira e aumento salarial acima da inflação.
A reunião foi marcada para às 14h30, no auditório do Pavilhão de Aulas da Federação (PAF 1), mas o local se tornou pequeno para abrigar todos que quiseram acompanhar o resultado da decisão. Diante dos gritos de professores e estudantes, o Sindicato dos Professores das Instituições Federais da Bahia (Apub), responsável por conduzir a votação, relocou a assembleia para a área externa do auditório. A assembleia reiniciou por volta das 16h20. Antes da votação, professores contra e a favor do movimento grevista discursaram, cada um por três minutos, expondo seus pontos de vista.
A professora Lana Bleicher defendeu a greve como forma de reivindicar melhorias. “Em Odontologia, as aulas práticas estão comprometidas porque os auxiliares de clínica estão sem receber salário. Várias unidades noturnas não têm funcionado e algumas faculdades não têm material para reproduzir provas”, relatou. Já o professor de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Paulo Fábio Dantas foi crítico à decisão. “Para mim, a greve é um instrumento ineficaz para lutar contra o corte de verbas. Basta ler o jornal para ver que as questões colocadas não serão resolvidas no tempo de uma greve. Existem outras estratégias de luta”, pontuou.
Os estudantes também estavam divididos sobre a interrupção das atividades. “Na última greve, em 2012, tivemos que intercalar três semestres em um ano. Agora que conseguimos organizar o calendário novamente, vem uma nova greve. Isso é péssimo”, reclamou o estudante de Engenharia Civil Saulo César, 27 anos. Já Jeferson Brito, 20 anos, aluno de Ciências da Computação, considerou a paralisação justa. “Isso é ruim para o calendário da gente, mas é um mal necessário porque é a forma que os trabalhadores tem para se manifestar”, comentou.
Ao final dos discursos, a presidente da Apub, Cláudia Miranda, iniciou a votação, realizada em dois momentos. Primeiro, foi colocada em questão a aprovação da greve, que contabilizou 212 votos a favor, 82 contrários e quatro abstenções. Em seguida, foi votado se a greve teria início no momento ou em data posterior a ser definida. A votação, realizada por contraste visual, resultou na greve imediata. (As informações do Correio)
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