A oferta de patrocínio para os blocos de Carnaval de Salvador está menor em ano de crise econômica. Até o momento, a Brasil Kirin, cervejaria dona das marcas Schin e Devassa, vai patrocinar 11 blocos na folia. Em 2014, o total foi o dobro : 22 blocos.
Na corrida por patrocínios, os blocos geralmente precisam definir o principal patrocinador até dezembro. Patrocinadores considerados de apoio, que fazem merchandising e distribuição de brindes, podem ser captados até períodos mais próximos do Carnaval.
Dono do bloco Camaleão e diretor da Central do Carnaval, que comercializa 15 blocos e 12 camarotes, Joaquim Nery afirma que apenas os blocos com patrocínios fidelizados podem ter menos dificuldade de conseguir apoio. Apesar da crise, a Central do Carnaval registra aumento de 40% em vendas, quando comparado ao mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados da própria empresa.
"Para quem não tem patrocinadores fidelizados, o ano está bem mais difícil. A atividade do Carnaval é uma atividade onde marcas têm obrigação de estar apoiando, é inimaginável não ter apoio das cervejarias. Outras marcas que não têm afinidades tão diretas, ou você fideliza ou tem dificuldades", diz Nery.
Laços - Ele cita o exemplo das marcas que apoiam o seu bloco. A cervejaria Ambev, através da marca Skol, apoia o Camaleão há 20 anos, assim como o Shopping da Bahia, antigo Iguatemi. "A necessidade para fidelizar é devolver à marca o que eles estão investindo no produto. No momento em que você faz um contrato, deve deixar o parceiro amplamente satisfeito. Para os que não conseguiram fazer isso, não é um ano em que os patrocinadores estejam disponíveis", diz.
Desde 2014, as marcas Schin e Itaipava dividem os circuitos do Carnaval com comercialização exclusiva e patrocínios que chegam a R$ 10,5 milhões cada. Procuradas pela reportagem, as cervejarias afirmaram que estão em processo de planejamento e não irão comentar o assunto. A Saltur (Secretaria do Turismo de Salvador) afirmou que só irá se pronunciar sobre patrocínios após o anúncio do Carnaval.
Confiança - Representantes de associações de blocos e camarotes de Salvador negam a dificuldade de conseguir patrocínios, apesar de afirmarem que nenhum setor está imune à crise econômica do país. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Entretenimento - Seção Bahia, Clínio Bastos, a crise não têm efeitos no mercado do Carnaval, apesar de os empresários estarem preocupados e atentos à situação.
"Não existe um ano que eu não trabalhe mais na captação (de patrocinadores). A cada ano as verbas se tornam mais disputadas. Por ser um ano de crise, pode ter uma retração, mas isso é normal em todos os anos. No ano que a economia tiver melhor, o mercado também se torna mais competitivo. Quando tem retração, o mercado precisa ser criativo e buscar alternativas para fazer diferente", disse Bastos.
Apesar de apontar aumento de custos também no setor, Clínio Bastos aposta em um resultado positivo e melhor do que o do ano passado. "O Carnaval de rua é único, você vê o que é a rua de Salvador e não tem crise que abale isso. Nesse sentido teremos um Carnaval tão ou mais forte do que ano passado", completa.
Segundo o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Pedro Costa, o Carnaval não está imune à situação do país, e isso provoca "uma retração natural de todos os investidores". "Mas eu tenho certeza que as atrações principais que sempre tiveram patrocínio vão continuar sendo patrocinados", disse Costa. Este ano, foram mais de 250 blocos cadastrados para participar dos circuitos do Carnaval, número similar ao do ano passando, de acordo com Pedro Costa. (As informações do A Tarde)
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