Quem escolher a capital baiana como destino de viagem no próximo ano deverá desembarcar em um aeroporto que estará sob uma nova administração. É que está programado para o primeiro semestre de 2017 o leilão de concessão do espaço à iniciativa privada. Para soteropolitanos, visitantes, representantes do trade turístico e empresários baianos, a privatização do aeroporto pode ser a solução para problemas que se arrastam há pelo menos dez anos, como a carência de infraestrutura e a redução do número de voos.
A expectativa é que, com a nova gestão, novos equipamentos sejam adquiridos e que companhias aéreas sejam atraídas para a utilização do local como um polo lucrativo de negócios. Na opinião do secretário estadual do Turismo do Estado, José Alves, a concessão vai conferir ao aeroporto de Salvador maior nível de excelência no atendimento e conforto ao visitante, conforme observado em outros aeroportos privatizados do país, como Confins, em Belo Horizonte (MG), e Viracopos, em Campinas (SP). A forma como a privatização nos outros aeroportos do país foi conduzida gerou resultados positivos para o público e para o turismo. "Observamos, hoje, nesses locais, um nível de satisfação maior dos usuários tanto no atendimento, quanto na utilização dos serviços", afirmou Alves.
Para o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (Abav), Jorge Pinto, a administração pela iniciativa privada será responsável por transformar o aeroporto da capital baiana num hub (centro de operação de voos comerciais). "Salvador tem potencial para ser uma importante porta de entrada de negócios no Nordeste. No entanto, nosso aeroporto não tem condições operacionais para isso e acabamos perdendo o hub para Recife, por exemplo, onde a chegada de voos internacionais é constante", completou.
Problemas estruturais - Para o secretário de turismo, embora a expectativa da concessão seja positiva, os benefícios da nova administração só serão observados a longo prazo: "O usuário só vai notar as mudanças após um ano de gestão da nova empresa", diz. Até lá, visitantes e permissionários terão de conviver com problemas como o mau funcionamento de escadas rolantes, elevadores e ar condicionado, além dos transtornos causados por obras de requalificação do espaço, que se arrastam desde 2012. Os problemas estruturais do aeroporto são apontados pelo empresário Rodrigo Malta e seus sócios como responsáveis pela queda de 40% nas vendas da loja de souvenirs que eles mantêm há cerca de cinco anos.
"São problemas que, teoricamente, ocorrem fora da nossa loja. Mas que, na verdade, interferem diretamente nas vendas. Se o turista não se sente confortável no aeroporto, ele não vai ter vontade de circular pelo espaço, muito menos de fazer compras. Não adianta a gente investir em atrativos se, da porta da loja para fora, o cenário é de descuido", afirmou Malta. A representante comercial paulista Vera Lúcia Vieira, 41, que, há seis anos, vem a Salvador pelo menos duas vezes por mês, conta que tem percebido, com o passar do tempo, a queda da qualidade dos serviços do aeroporto de Salvador.
"Pago caro por um estacionamento e, quando entro lá, a temperatura parece estar mais quente que a da área externa. Não é razoável que uma cidade turística como Salvador não ofereça o mínimo de conforto ao visitante", afirmou Vera Lúcia.
Investigamento - O aeroporto de Salvador é um dos 34 espaços que estão incluídos no programa Crescer, anunciado pelo presidente Michel Temer na última semana. Para a ampliação, manutenção e exploração após a sua entrega à iniciativa privada, está previsto investimento de R$ 2,2 bilhões, com valor mínimo da outorga de R$ 1,18 bilhão. As receitas estimadas ao longo dos 30 anos de concessão - período máximo para a exploração do espaço pela empresa - são de R$ 16 bilhões. Na Bahia, além do aeroporto, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) também será contemplada pelo novo modelo de concessão e privatização. A Fiol receberá um investimento aproximado de R$ 2 bilhões.
Economia - De acordo com a assessoria da presidência da República, o Crescer tem como objetivo reaquecer a economia por meio de parcerias celebradas entre administração pública e o setor privado, além de criar condições para que o país possa voltar a gerar emprego e renda. (As informações do A Tarde)
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