quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

BANCOS ESTRANGEIROS ADMITEM CARTEL DO CÂMBIO E PAGAM R$ 181 MI AO CADE

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou processo para investigar a formação de cartel por dez bancos com sede no Brasil, que teria o objetivo de manipular taxas de câmbio. O processo foi instaurado logo após o Cade anunciar acordo com cinco bancos com sede no exterior investigados em outro processo por formação de cartel com efeitos no Brasil.

Pelo acordo, os bancos entregaram informações sobre o funcionamento do esquema e tiveram de pagar multa de R$ 181 milhões. O novo processo instaurado pelo conselho ontem apura práticas feitas em território nacional por 19 funcionários e ex-funcionários das instituições. Segundo o conselho, há “fortes indícios” de conduta anticompetitiva dos bancos BTG Pactual, Citibank, HSBC, BBM, BNP Paribas e Múltiplo.

Também há indícios da participação, em menor grau, de Itaú, Santander, ABN Amro Real, Fibra e Societé Générale. De acordo com o Cade, as condutas anticompetitivas teriam ocorrido nos mercados de câmbio à vista e futuro. Os bancos buscavam coordenar operações de definir preços e o índice de referência Ptax, do Banco Central. Os contatos eram feitos por meio de salas de bate-papo da agência de notícias Bloomberg e duraram, pelo menos, entre 2008 e 2012.

Segundo a superintendência do conselho, as práticas reduziram a concorrência, pois os operadores atuavam como um só player no mercado. Internacional A primeira investigação de manipulação no mercado de câmbio começou no Cade no ano passado, após denúncia do banco UBS, que, com a delação, se livrou de qualquer pagamento.

Nesta quarta-feira, 7, o conselho firmou acordo com cinco dos bancos investigados. O maior valor caberá ao Citigroup, que pagará multa de R$ 80 milhões, seguido de Deutsche Bank (R$ 51,4 milhões), Barclays (R$ 21,1 milhões), HSBC (R$ 18,1 milhões e JP Morgan (R$ 11,1 milhões). A negociação havia sido antecipada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A investigação do conselho, neste caso, continua para outros nove bancos, que não firmaram acordo. São eles: Banco Standard, Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Credit Suisse, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland, Standard Chartered. O esquema atuou em vários países, inclusive nos Estados Unidos, onde grandes bancos, como Citigroup, JPMorgan e Barclays, assinaram acordo para o pagamento de US$ 5,6 bilhões.

O esquema é investigado ainda no Reino Unido e na Suíça. O cartel para manipular taxas de câmbio teve impacto no Brasil entre 2007 e 2013. De acordo com a denúncia, os operadores também nesse caso utilizavam o serviço de trocas de mensagem da agência de notícias Bloomberg para combinar a taxa de câmbio que ofereceriam ao mercado e trocavam informações como preços, clientes e tamanho de contratos.

Os envolvidos teriam combinado desde propostas de preços para um mesmo cliente até a quantidade de moedas compradas para influenciar índices de referência. Retornos Procurado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o Itaú disse que não comentaria, pois não foi notificado. BTG, Deutsche Bank, BNP e Barclays não quiseram falar do tema. O Múltiplo não foi encontrado. O Citigroup confirmou o acordo e disse estar comprometido com “altos padrões éticos”. O HSBC informou que cooperou plenamente com o Cade. Contatadas, as demais instituições não responderam até a publicação desta matéria. (As informações do Estadão)

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