A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito bateu um novo recorde em novembro, atingindo o nível de 482,1% ao ano, segundo o Banco Central. Porém, já é possível migrar para uma modalidade menos cara de crédito, segundo informou o chefe do Departamento Econômico da instituição, Túlio Maciel.
“Rotativo e cheque especial são para situações emergenciais”, frisou ele, ao divulgar os dados sobre o mercado de crédito no Brasil. “São para o curto prazo.” Ele explicou que, hoje, quando uma pessoa não paga integralmente a fatura do cartão de crédito, o saldo devedor fica no crédito rotativo. Porém, é possível negociar com o banco a transferência dessa dívida para outra linha menos cara, como a do crédito parcelado do cartão.
Nesta, a taxa de juros está em 155% ao ano. Mesmo sendo mais em conta, essa linha é menos usada pelas famílias, segundo apontam os dados do Banco Central. Em novembro, o volume de crédito às famílias na modalidade do rotativo do cartão estava em R$ 39,152 bilhões. Já o saldo no parcelado era de R$ 11,203 bilhões, o que mostra uma concentração na modalidade mais cara.
A expectativa, disse Maciel, é que haja uma “racionalização” do uso do cartão a partir das medidas anunciadas na quinta-feira pelo governo, cujo objetivo é reduzir os juros “à metade” a partir do final do primeiro trimestre de 2017. O técnico do BC disse apenas que as medidas estão sendo estruturadas e deverão ser analisadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Essa redução “à metade” virá justamente da migração dos saldos do crédito rotativo para o parcelado, tal como explicado por Maciel. A diferença é que, hoje, essa transferência precisa ser solicitada e o banco não é obrigado a fazê-la, segundo informou a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A partir do final do primeiro trimestre, a migração será automática e obrigatória depois de 30 dias. É o que prevê o acordo firmado pelo governo com os bancos emissores de cartões de crédito.
Os dados do Banco Central mostram que o juro do rotativo aumentou 6,3 pontos porcentuais só no mês de novembro, em comparação com outubro. No ano, o aumento foi de 50,7 pontos e, nos 12 meses encerrados em novembro, o avanço foi de 66,8 pontos porcentuais. Essas variações não têm paralelo nas outras linhas de crédito oferecidas às pessoas físicas, cujos dados foram divulgados na sexta-feira.
O cheque especial, outro “vilão” das finanças pessoais, custava 330,7% ao ano em novembro, um crescimento de 45,8 pontos porcentuais em 12 meses. O crédito pessoal não consignado estava com taxa de 137,9% ao ano, incremento de 17,5 pontos porcentuais em 12 meses. Já o consignado estava em 29,4% ao ano, uma alta no juro de 1 ponto porcentual em 12 meses. (As informações do Estadão)
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