O Partido dos Trabalhadores deverá deixar de lado o discurso de golpe, alimentado pelo impeachment de Dilma Rousseff, e apoiar candidatos da base de Michel Temer para a presidência da Câmara e do Senado. A estratégia, de acordo com a Folha, é ter aliados em cargos ligados às vagas que devem ser ocupadas pelo partido nas Mesas Diretoras de ambas as casas. O PT não quer cometer o mesmo erro de 2015, quando lançou candidato próprio, perdeu para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ficou fora do centro de decisões da Câmara. Agora os petistas devem apoiar o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) para garantir uma posição na Mesa Diretora.
Segundo a publicação, os petistas já têm justificativa para apoiar a base de Temer: dizer que não referendam o nome de Eunício, mas apenas seguem o regimento interno do Senado, segundo o qual, sempre que possível, deve-se respeitar a proporcionalidade na formação da Mesa. A presidência, portanto, caberia à maior bancada, no caso, o PMDB, que possui 19 senadores. Em troca do apoio, o PT deverá ficar com a primeira-secretaria, que possui orçamento de aproximadamente R$ 4 bilhões e a indicação de 12 a 55 cargos comissionados em 2017. O nome cotado para assumir o posto é de José Pimentel (PT-CE). A negociação entre governo e oposição, por outro lado, não é unificada no partido. O senadores Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR) se mostram contrários à parceria, segundo relatos de petistas, mas nenhum dos dois confirmou a posição.
Na Câmara, o PT deve apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência. Alguns petistas, no entanto, defendem que se deva inicialmente apoiar a candidatura do oposicionista André Fraga (PDT-CE), para não votar logo de início em um candidato do partido que foi um dos principais fiadores do impeachment. O grupo mais pragmático do PT nãoq uer arriscar ficar sem cargos e defende Maia já no primeiro turno. A decisão final deverá ser tomada no próximo dia 17, mas os deputados já negociam a segunda secretaria da Casa, responsável por estágios, prêmios conferidos pela Câmara e emissão de passaportes diplomáticos para deputados. O cargo permite nomeação de 33 comissionados. A eleição no Senado acontece dia 1º de fevereiro e na Câmara, no dia 2.
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