O morador de rua Erivan Oliveira Fonseca, o Poca, 20 anos, negou o estupro e assassinato da enteada Ana Júlia Mendonça Moura, 3, nesta quinta-feira (23). A criança foi encontrada sem vida dentro da casa de um dos familiares de Erivan, na tarde desta quarta (22), no Beco do Sabão, no Uruguai. A mãe da menina foi ouvida e liberada, mas a participação dela no crime ainda está sendo investigada pela polícia.
Erivan é namorado de Lidiana de Jesus Mendonça, 19, mãe de Ana Júlia, há cerca de um ano. Segundo a polícia e familiares e de Erivan, ele e Lidiana são moradores de rua e usuários de drogas. O casal briga com frequência e já teria sido expulso do Uruguai pelos vizinhos por conta das agressões que praticavam contra a criança.
Nesta quarta, eles pediram abrigo na casa de um familiar de Erivan por conta da chuva forte que caiu em Salvador. No final da tarde, a mãe da menina foi ao mercado e ele ficou responsável por tomar conta da criança. Cerca de 1h depois Erivan procurou um familiar, desesperado, dizendo que Ana Júlia estava morta. "Não sei o que aconteceu. Eu dei apenas um tapa nela. Ainda tentei acudi ela e chamei minha irmã. Eu não fiz nada com ela", afirmou Erivan, meio confuso.
A irmã do suspeito contou que ele e a criança estavam no quarto de cima da casa quando tudo aconteceu. Fazia cerca de 1h desde que a mãe da menina havia saído quando ele desceu as escadas às pressas e contou que a criança estava morta. A irmã foi até o quarto e tentou reanimar a criança, mas, quando percebeu que Ana Júlia estava sem vida, ligou para a polícia.
Prisão - O suspeito fugiu com a mãe de Ana Júlia. Ele contou que antes da polícia chegar pegou um ônibus até a Brasilgás. De lá, seguiu em outro coletivo até o município de Simões Filho e depois em uma van para Feira de Santana, onde foi preso. Os policiais da 66ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Feira de Santana) chegaram até o suspeito depois de receberem uma denúncia.
Erivan foi preso por volta das 21h, ou seja, cerca de 4h após o crime. Ele estava na casa de um familiar na comunidade da Lagoa Chico Maia, no bairro Mangabeira. O suspeito foi conduzido para a Central de Flagrantes de Feira de Santana, onde foi ouvido e preso em flagrante. Depois, ele foi transferido para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Salvador, onde voltou a ser interrogado.
Segundo o delegado do DHPP Jamal Amad, responsável pela investigação do caso, ele negou o crime nos dois depoimentos. Os peritos encontraram marcas de espancamento em Ana Júlia e confirmaram que ela foi estuprada. O agressor usou um objeto para violentar as partes íntimas da menina o que provocou uma hemorragia e a morte da criança. O instrumento usado no crime ainda não foi localizado.
"Ele nega, mas não temos dúvida quanto a autoria dele no crime. Em relação a mãe da criança, estamos investigando a participação dela. Isso ainda não foi descartado. Estamos também aguardando o resultado dos laudos periciais para termos mais detalhes sobre a morte da menina", afirmou.
Na tarde desta quinta-feira, ele foi apresentado à imprensa. O delegado informou que Erivan seria levado ainda hoje para o Departamento de Polícia Tecnica (DPT) para fazer o exame de corpo de delito e depois encaminhado para uma audiência pública. A polícia fez o pedido de prisão preventiva do suspeito.
Ele foi indiciado por estupro de vulnerável com resultado morte. Essa não foi a primeira vez em que Erivan foi preso. Ele contou que em 2016 passou três meses na cadeira por roubo.
Mãe foi liberada - A mãe de Ana Júlia, Lidiana, contou para os investigadores que estava no mercado quando tudo aconteceu. Ainda segundo ela, Erivan a obrigou a fugir com ele para Feira de Santana. "Ela disse que foi ameaçada por ele e que, por isso, fugiu", contou a delegada do DHPP Pilly Dantas. Erivan negou a ameaça. "Ela estava desesperada e eu falei 'vamos mais eu" e ela acabou vindo. Eu não ameacei ela", afirmou.
Lidiana foi presa junto com Erivan em Feira de Santana, mas foi liberada depois de ser ouvida na Central de Fragrantes. Os delegados de Salvador estão tentando ouvi-la novamente, mas a mulher ainda não foi encontrada. Ana Júlia era a única filha de Lidiana e o pai da criança ainda não foi localizado.
Quem tiver informações sobre o caso pode ajudar a polícia através do Dique Denúncia pelos telefones 3235-0000, para Salvador e Região Metropolitana, e 181, para quem estiver no interior da Bahia. O anonimato é garantido. (As informações do Correio)
Nenhum comentário:
Postar um comentário